Um acordo costurado no dia de
ontem entre o senador Jaques Wagner (PT), o presidente da Assembleia
Legislativa, deputado estadual Adolfo Menezes (PSD), e o deputado federal Diego
Coronel (PSD) deve pacificar a base governista no Legislativo estadual, impedindo
um bate-chapa pela primeira vice-presidência do Poder.
Pelo entendimento, Adolfo deve
concorrer de novo à presidência da Casa nas eleições do próximo dia 3 de
fevereiro e, na hipótese de ter seu mandato cassado judicialmente, o primeiro
vice-presidente da mesa diretora terá que convocar eleições imediatamente.
Para isso ocorrer, o regimento da
Assembleia será alterado, possivelmente numa convocação extraordinária antes da
eleição, a fim de firmar o prazo para a realização de novo pleito em caso de
vacância da presidência, pondo fim à grande disputa que a primeira vice estava
despertando.
A cobiça pelo cargo se explicava
porque Adolfo, incentivado pela imensa popularidade entre os colegas, decidiu
de última hora concorrer à reeleição, iniciativa proibida pela legislação que
rege o funcionamento das Assembleias, o que pode acabar ensejando uma ação
judicial que casse seu mandato.
Neste caso, o primeiro
vice-presidente assumiria seu lugar num limbo legal que hoje não deixa claro se
ele pode cumprir o mandato restante de presidente ou terá que convocar, num
prazo que também ainda não está claro, novas eleições para o comando da Casa.
A decisão de Adolfo de disputar a
reeleição e a possibilidade de ter o mandato questionado na Justiça, associada
à inexistência de regras claras para a sucessão no Legislativo, levou o PT a
encarar a eleição como uma oportunidade ímpar para conquistar o comando da
Legislativo.
O partido reclama do fato de, a
despeito de comandar o Estado há quase 20 anos, não ter conseguido fazer o
presidente da Assembleia até hoje. O nome pensado para concorrer pelo partido
era o do deputado estadual Rosemberg Pinto, atual líder do governo na Casa.
Agora, com o novo modelo de
disputa acordado, é provável que ele abra mão da disputa pela primeira vice, já
que, antes, teria que renunciar à liderança do governo para concorrer ao cargo.
O mesmo deve ocorrer com o
deputado estadual Angelo Coronel Filho (PSD), cuja candidatura era construída
pelo pai, o senador Angelo Coronel (PSD), como forma de tentar viabilizar sua
reeleição ao Senado em 2026 na chapa governista.
“Com o acordo, não faz mais
sentido ninguém disputar a primeira vice-presidência com o desejo de ficar no
lugar de Adolfo, já que o vice eleito agora terá o papel de convocar novas
eleições imediatamente no caso de vacância da presidência”, contou um governista
pedindo ao Política Livre para manter seu novo sob sigilo.
O arranjo construído pela base,
com a participação de Wagner, que defende ter chegado a hora de o PT também
fazer o comando do Legislativo, deve ter impacto na articulação que a oposição
pretendia fazer para tomar a presidência do controle do governo no caso de
Adolfo ser impedido de cumprir o mandato.
O clima de disputa pela
vice-presidência havia colocado Wagner em rota de colisão com Coronel, sobre o
qual deu ordem para que o PT o tratasse como adversário caso insistisse na
candidatura do filho. (Política Livre).
Foto: Ascom/Alba