Setores da economia brasileira
enxergam uma janela de oportunidade para o país capturar investimentos verdes –
especialmente na área de energia – que hoje estão alocados nos Estados Unidos,
enquanto o presidente Donald Trump retira incentivos de fontes
renováveis e dobra a aposta em combustíveis fósseis.
A percepção dos setores é de que
empresas e instituições financeiras que adotaram nos últimos anos compromissos
e metas voltadas à sustentabilidade terão de procurar novos mercados para seus
investimentos, a fim de permanecer alinhados com estas diretrizes.
Aí estaria a oportunidade
do Brasil.
Presidente da Associação
Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, em
entrevista à CNN, menciona esta avaliação e destaca que a abundância de
recursos naturais, matriz energética limpa e esforços do governo Lula para
impulsionar ainda mais esta agenda jogam a favor do Brasil para esta “captura”.
“Isso para o Brasil representa
grande oportunidade. Este conjunto de fatores faz o país ser atrativo para os
investidores”, destaca o executivo. A avaliação é de que o principal trunfo é a
matriz elétrica do Brasil, 86% limpa. A média do restante do mundo fica em 30%.
Para Elbia Gannoum, presidente da
Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a janela de captura de
investimento está especialmente no setor energético.
A executiva destaca que medidas
do ex-presidente americano Joe Biden para incentivar renováveis levaram capital
aos EUA – dinheiro que agora deve realizar movimento contrário.
“Aí eu acho que o Brasil acaba
tendo vantagem: o Inflation Reduction Act, do Biden, acabou tirando muitos
investidores nossos. E agora estes investidores tendem a voltar”, disse à CNN.
Perfuração e meio ambiente
Atração de investimentos e
infraestrutura a parte, os executivos destacam preocupações quanto aos ideais
do republicano sobre transição energética e ao meio ambiente. Maior economia do
mundo, os Estados Unidos lideram em emissões de carbono per capita.
“Para a transição, isso é
preocupante. Demoramos décadas para construir um conceito claro de que sem
transição vamos condenar nossas vidas e negócios. Foi uma construção e não
podemos correr risco de perdê-la”, disse Gannoum
Sauaia destaca que – discurso à
parte – o primeiro mandato de Trump (2017 a 2020) não representou ameaça à
energia solar. A fotovoltaica expandiu 128% ao longo dos quatro anos.
Além disso, governadores dos
estados republicanos eleitoralmente mais relevantes, Ron DeSantis (Flórida) e
Greg Abbott (Texas), são ferrenhos defensores da fonte. (Danilo Moliternoda
CNN).
Foto: Reuters