O Itamaraty chamou o encarregado de negócios da embaixada
dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para pedir esclarecimentos sobre
o tratamento dispensado aos brasileiros deportados. Há relatos de maus tratos
no voo que chegou na sexta-feira (24) em Manaus.
O diplomata americano foi chamado pela secretária de
Assuntos Consulares, embaixadora Márcia Loureiro, e prometeu verificar as
condições do voo.
O Itamaraty diz se tratar de um início de diálogo e afirma
que o foco é resolver o problema específico desse voo. Diplomatas citam ainda
que esse é o primeiro avião de deportados em que houve relatos de tratamento
degradante aos deportados.
Nesta segunda-feira, segundo apurou a CNN, o chanceler
Mauro Vieira se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula das Silva (PT) para
discutir o tratamento dado aos deportados. O ministro contou o que ouviu em
Manaus do delegado Sávio Pinzón, superintendente interino da PF no Amazonas, e
do major-brigadeiro Ramiro Pinheiro, comandante do 7º Comando Aéreo Regional,
na noite de sábado (25).
Mauro Vieira também apresentou ao presidente dados sobre
outros voos de deportados. Desde 2022, a média tem sido de 15 aviões por ano.
Essa foi, no entanto, a primeira vez em que teria havido relatos de maus tratos
e agressões.
Integrantes do governo brasileiro argumentam que o uso de
algemas a bordo do voo não é o problema, visto que o avaliação de risco cabe
aos americanos, responsáveis pelo transporte. Esse ponto faz parte do acordo de
deportação firmado pelos dois países em 2018.
O ponto a ser questionado com o governo americano é
justamente o tratamento dados os brasileiros, o que inclui a escolha da
aeronave que apresentou técnicos, bem como a equipe que acompanhou o trajeto.
Uma avaliação preliminar é que o voo foi supervisionado por pessoas sem o
treinamento necessário para lidar com a situação.
Também foi considerado inadmissível o fato de os deportados,
já em solo brasileiro, terem tido os pés e acorrentados quando pousaram em
Manaus, devido à falha técnica do avião.
Os Estados Unidos estão sem embaixador no Brasil desde o fim
do governo de Joe Biden e serão representandos pelo encarregado de negócios até
o presidente Donald Trump indicar um novo chefe de missão. (CNN).
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