Grampo revela ligação de Lula a executivo da Odebrecht

A Polícia Federal citou o
nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos autos da Operação Lava Jato
sobre a empreiteira Odebrecht. Em relatório final de interceptação telefônica
da Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato, a PF informa ao juiz federal
Sérgio Moro que o ex-presidente conversou com o executivo Alexandrino de Salles
Ramos Alencar, da empreiteira Odebrecht no dia 15 de junho de 2015. Quatro dias
depois do telefonema, Alexandrino Alencar foi preso com o presidente da maior
empreiteira do País, Marcelo Bahia Odebrecht.

Segundo o relatório, Lula
estaria preocupado com [assuntos do BNDES]. A PF não grampeou o ex-presidente.
Os investigadores monitoravam os contatos do executivo, por isso a conversa foi
gravada.

[Outro contato
considerado relevante ocorreu em 15 de junho de 2015 às 20:06, entre
Alexandrino Alencar e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nele ambos
demonstram preocupação em relação aos assuntos do BNDES referindo-se também a
um artigo assinado por Delfim Netto que seria publicado no dia seguinte sobre o
tema. Alexandrino disse também que Emilio (Emilio Odebrecht) teria gostado da nota
que o Instituto Lula ( ? criado pelo ex-presidente em 2011, depois que ele
deixou o governo, para trabalhar pela erradicação da fome no mundo, aprofundar
a cooperação com os países africanos e promover a integração latino-americana,
entre outros objetivos) teria lançado depois da divulgação do laudo pericial
acerca da contabilidade da empresa Camargo Corrêa, que teria doado três milhões
de reais ao Instituto entre 2011 e 2013 e efetuado pagamentos a Lils Palestras
Eventos e Publicidade LTDA na ordem de R$ 1,5 milhão no mesmo período],
assinalou o delegado federal Eduardo Mauat da Silva, que integra a força-tarefa
da Lava Jato.

O Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é alvo de uma CPI no Congresso, que
investiga suspeitas de empréstimos contrários ao interesse público feitos
durante as gestões de Lula e da presidente Dilma Rousseff ? 2003 a 2015.

Outro nome citado no
relatório é de Marta Pacheco Kramer, executiva da Odebrecht. Segundo a PF,
Alexandrino Alencar disse que Marta seria ligada ao Instituto Lula.

[O investigado também
recebeu ligações de Marta Pacheco Kramer na data da deflagração da operação as
06:06 da manhã do dia 19 de junho de 2015. Curiosamente, Marta foi identificada
pelo próprio Alexandrino como vinculada ao [Instituto Lula] o que restou consignado
junto ao auto de arrecadação lavrado na residência do investigado acerca dos
contatos telefônicos feitos pelo mesmo quando da chegada da equipe], informou o
delegado federal Eduardo Mauat da Silva. (AE)

(FOTO: Andre Dusek – AE)