Em ofício enviado nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal
Federal (STF), o juiz Sergio Moro disse que um dos delatores da Operação Lava
Jato omitiu a informação de que teria pago propina ao presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No documento, Moro explica que homologou o
acordo de colaboração de Júlio Camargo porque não tinha conhecimento sobre o
suposto envolvimento de Cunha, que só pode ser processado e julgado pelo STF.
A manifestação de Moro foi motivada por ações movidas pelo
ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e o empresário
Fernando Antônio Soares, conhecido como Fernando Baiano. Eles tentam suspender
a sentença proferida nesta segunda-feira pelo juiz. Além dos acusados, Cunha
também pediu que o processo fosse paralisado antes da sentença, por ter sido
citado pelo delator.
Segundo o juiz, somente no depoimento prestado no mês
passado ele teve conhecimento sobre as suspeitas contra o presidente da Câmara.
[Não se pode, ainda, afirmar que o acordo de colaboração celebrado por Júlio
Camargo não poderia ter sido homologado por este juízo em outubro de 2014,
porque, em 16/07/2015, revelou fato que havia então omitido, de que parte da
propina nos contratos dos navios-sondas havia sido destinada ao referido
deputado federal (Cunha)], justificou Moro.
Em julho, Camargo ? ex-consultor da empresa Toyo Setal ?
informou a Moro, responsável pelos inquéritos da Operação Lava Jato na primeira
instância, que Eduardo Cunha pediu US$ 5 milhões em propina para que um
contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Diante do depoimento,
Cunha voltou a negar que tenha recebido propina de Júlio Camargo. Seus
advogados também pediram a suspensão do processo, por entenderem que cabe ao
Supremo presidir o inquérito, em razão da citação do presidente da Câmara, que
tem prerrogativa de foro. Ainda não houve decisão do STF. (Bloghttp://www.correiodopovo.com.br/Noticias)
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil / CP