Nada é tão ruim que não piore: Mercadante volta à articulação

Poucas horas depois de o Brasil perder o selo de bom
pagador, da agência de risco Standard & Poors, a presidente Dilma Rousseff
confirmou uma das máximas da Lei de Murphy, segundo a qual nada é tão ruim que
não possa piorar: ela acionou o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e
ambos retomaram a articulação política com as lideranças governistas no
Congresso, na tentativa de dirimir os impactos do anúncio na governabilidade.
Arrogante no trato pessoal, Mercadante é responsável por grande parte das
trapalhadas que azedaram de vez as relações do governo com os parlamentares.
Afastado da articulação, ele é apontado também como responsável pela sabotagem
que fez o vice-presidente Michel Temer fracassar nesse papel.

Dilma telefonou para o presidente do Senado, Renan
Calheiros, e para lideranças da Casa já na noite de quarta-feira, 10, momentos
depois da divulgação do rebaixamento, para unificar o discurso em defesa do
governo. [Dilma vai fazer uma operação forte na base para deixá-la coesa. O
governo vai agir, não tenha dúvida], ressaltou o líder do governo no Senado,
Delcídio Amaral (PT-MS). [Ela ligou para chamar a atenção da importância da
reunião de coordenação], despistou o líder do governo no Congresso, senador
José Pimentel (PT-CE). Além dele, Dilma também procurou o líder da bancada do
PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE). Nas ligações, a petista orientou que os
pronunciamentos deveriam mostrar que o resultado apresentado pela agência de
risco era preocupante, mas que ainda há soluções para serem implementadas.

Outra recomendação foi colocar em segundo plano ataques à
agência. Gestos nesse sentido chegaram a ser ensaiados pelo próprio senador
Delcídio que, minutos após o anúncio de rebaixamento, lembrou que a agência
errou especialmente na crise de 2008 em relação aos Estados Unidos.  (Diário do Poder)

(FOTO: ELZA FIUZA/ABR)