Com rebaixamento pela S&P, nota do Brasil se aproxima da Turquia e da Indonésia

A retirada do grau de investimento do Brasil pela agência de
classificação de risco Standard & Poors coloca a nota do país em situação
similar aos ratings da Turquia, que está envolvida em conflitos contra
extremistas, e da Indonésia, que enfrentou distúrbios sociais internos durante
o processo eleitoral de 2014. Pela S&P, agora, a nota dos três países é a
mesma: BB+. O grupo também tem a mesma avaliação pela Moodys (Baa3, um nível
acima do grau especulativo). A única agência em que há distorção é a Fitch.
Para a empresa, a nota da Turquia e da Indonésia é BBB-, no último nível do
grau de investimento. No caso do Brasil, o rating é BBB, dois níveis acima do
grau especulativo. Os três países fazem parte, ao lado de África do Sul e
Índia, dos [cinco frágeis], termo cunhado pelo banco Morgan Stanley em meados
de 2013 para economias emergentes fortemente dependentes de investimento
estrangeiro para financiar seu crescimento. África do Sul e Índia, no entanto,
mantêm o grau de investimento por todas as agências. As notas são as mesmas
pela S&P (BBB-) e pela Fitch (BBB). Pela Moodys, a nação africana tem
rating Baa2 e a asiática, Baa3. Em agosto deste ano, o banco JPMorgan fez a sua
própria lista de cinco frágeis. A instituição retirou o Brasil e a Índia dessa
classificação e adicionou a Colômbia e o México. Ainda assim, os dois países
latino-americanos têm ratings superiores aos do Brasil, com grau de
investimento por todas as agências. O México, segunda maior economia da América
Latina, tem rating BBB+ pela S&P e pela Fitch e A3 pela Moodys. Já a nota
da Colômbia é BBB pela S&P e pela Fitch e Baa2 pela Moodys. O rebaixamento
pela S&P igualou a nota do Brasil à da Rússia, cujo swap de default de
crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos, uma espécie de seguro contra
calote, chegou a ser negociado abaixo do brasileiro mesmo antes do downgrade.
Isso significa que, mesmo quando o Brasil ainda tinha grau de investimento, os
investidores já estavam exigindo um prêmio menor para manter títulos russos. A
Rússia ainda mantém grau de investimento pela Fitch, embora no último nível
(BBB-). Pela Moodys, a nota russa é Ba1, o nível mais alto do grau
especulativo. (Mateus Fagundes-Estadão)

Foto: Reprodução/ African-markets