O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes
classificou de [desnecessário] o fatiamento da Operação Lava Jato pelo plenário
da Corte. Mendes participou do almoço-debate [Conselho Nacional de Justiça e
Democracia], no Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP). Na avaliação do
ministro, a Lava Jato revelou [o maior escândalo de corrupção no Brasil e quiçá
do mundo, e é preciso que nós tenhamos essa compreensão].
[Não precisava chegar a esse ponto], disse o ministro ao ser
indagado sobre a decisão da maioria de seus pares pelo fatiamento da missão
Lava Jato, que pode enfraquecer a Lava Jato, na avaliação de investigadores.
Na quarta-feira,23, os ministros entenderam que a investigação
que envolve a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) não deve ficar sob relatoria do
ministro Teori Zavascki, responsável pela Lava Jato no STF, e sob os cuidados
do juiz Sérgio Moro, que conduz a operação na primeira instância, em Curitiba.
Com a decisão, apurações sobre a petista ficarão com o ministro Dias Toffoli e
a parte que cita o ex-vereador do PT Alexandre Romano, que não tem foro
privilegiado, será encaminhada à Justiça Federal em São Paulo.
[Era desnecessário, não precisava chegar a esse ponto], afirmou
o ministro Gilmar Mendes. [Eu fiquei muito impressionado com o gráfico que o
dr. (Rodrigo) Janot (procurador-geral da República) trouxe e que mostrava
realmente tentáculos de toda a sorte. Essa é base, é um crime de organização
criminosa. Certamente é o maior escândalo de corrupção do Brasil e quiçá do
mundo e é preciso que nós tenhamos essa compreensão. Acho que o Tribunal terá
de recompreender e rediscutir isso em outro momento].
Alguns dos principais advogados criminalistas do País que
atuam na defesa de alvos da Lava Jato esperam apenas a publicação do acórdão do
Supremo Tribunal Federal que irá estabelecer o exato alcance e as
circunstâncias do fatiamento da operação que levou para a prisão quadros
históricos do PT, doleiros, empreiteiros e ex-dirigentes da Petrobrás e colocou
no banco dos réus da Corte máxima deputados e senadores.
[Eu chamei a atenção para isso no meu voto. Eu disse: nós
temos que ler o velho Código de Processo, de 1941, à luz da nova situação que
se coloca com a lei de organizações criminosas. E não o contrário], afirmou o
ministro do Supremo. [Eu acho que nós vamos ter que, em algum momento,
rediscutir esse tema e proceder a atualização. Eu fiquei muito impressionado com
o gráfico que o dr. Janot trouxe e que mostrava realmente tentáculos de toda a
sorte. Essa é base, é um crime de organização criminosa. Certamente é o maior
escândalo de corrupção do Brasil e quiçá do mundo e é preciso que nós tenhamos
essa compreensão. Acho que o Tribunal terá de recompreender e rediscutir isso
em outro momento].
Gilmar Mendes considera que o Conselho da Justiça Federal e
a Procuradoria da República [terão que ter uma certa integração] a partir da
fragmentação de processos da Lava Jato. [Eu imagino que o próprio presidente do
Superior Tribunal de Justiça, que também é presidente do Conselho da Justiça
Federal, terá de pensar nisso de forma integrada. Tira-se de Curitiba e vem
para São Paulo, já é um outro Tribunal, portanto é uma outra estrutura. Isso
precisa ser coordenado. Nós estamos falando de um crime que ocorre no Brasil
todo e no exterior. Lavagem de dinheiro no exterior e tudo mais. Nós temos que
mudar os paradigmas e a Procuradoria já anunciou que vai ampliar a
força-tarefa. Vai fazer uma força-tarefa para atuar em todos os casos. É
preciso também que se pense nisso em termos de integração do Judiciário. Mas
era desnecessário, não precisava chegar a esse ponto.] (AE)
(FOTO: ABR)