O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Rui
Falcão, marcou para a sexta-feira, 4, reunião extraordinária da Comissão
Executiva Nacional da sigla para definir o futuro do senador e ex-líder do
governo Delcídio Amaral (PT-MS), preso na semana passada sob acusação de
tentativa de obstrução no andamento das investigações da Lava Jato. Em
editorial divulgado no site do PT, Falcão reitera as críticas ao senador e diz
que seu julgamento será político, pautado pelo Estatuto e Código de Ética da
legenda. [Visto que, do ponto de vista penal, incube ao Ministério Público e ao
STF dar seguimento ao inquérito e posterior denúncia, assegurados ao senador o
devido processo legal e a ampla defesa].
No editorial, Falcão reitera as críticas ao senador petista,
dizendo que é inquestionável que ele traiu a confiança do PT, do governo Dilma,
de quem era líder no Senado, e frustrou o seu próprio eleitorado. [Todos
sabemos que há uma seletividade nas investigações da Lava Jato, como também são
nítidas as manobras para criminalizar o PT como instituição], diz o presidente
do Partido dos Trabalhadores, argumentando que há morosidade e parcialidade nos
casos do mensalão do PSDB e no escândalo conhecido como trensalão em São Paulo.
E volta à carga: [Nada disso, contudo, exime o senador do delito de usar seu
cargo em benefício próprio, com prejuízos para o PT, o governo e o próprio
País, sobretudo ao cogitar o suborno e a fuga de um criminoso que estaria
colaborando com a Justiça.]
Na sexta, a Executiva petista vai tratar da abertura de um
processo disciplinar contra o senador, com base no que Falcão classifica de
comportamento antipartidário e antiético. Segundo informações de membros da
legenda, a decisão, contudo, terá de passar pelo crivo do Diretório Nacional,
que é a instância que dará a palavra final sobre o futuro do senador petista.
No texto divulgado no site da legenda, Rui Falcão diz que
embora haja controvérsias sobre se a Suprema Corte poderia ordenar a prisão de
um senador sem que estivesse configurado o flagrante de um crime inafiançável,
o Senado Federal decidiu validar essa decisão. “Trata-se de tema complexo,
que envolve interpretações da Constituição, mas ao PT interessa separar o joio
do trigo.” Em outro trecho, defende-se das críticas que recebeu pela nota
de repúdio a Delcídio, divulgada após a sua prisão, classificando-as de injustas.
[A Constituição assegura aos parlamentares imunidade para
defesa de ideias, programas e atividades político-partidárias, porém, não se
pode estendê-la a prática de atos delituosos, hipótese em que a imunidade,
inviolável, converte-se em impunidade, a ser combatida sempre. Se queremos
fazer recuar a ofensiva conservadora desfechada contra o PT, urge também
combater, com rigor, o oportunismo, o personalismo e o relaxamento da
vigilância contra comportamentos antipartidários que vicejam entre nós],
justifica o presidente nacional do PT. (Diário do Poder)
Foto: Marcos Oliveira Ag Senado