O Ministério Público Federal estabeleceu que, em 2016, os
principais objetivos da Operação Lava Jato serão identificar mais contas no
exterior usadas no esquema de corrupção na Petrobrás, fechar o cerco contra
empresas estrangeiras envolvidas e triplicar o número de acusações formais
contra personagens sob investigação pela força-tarefa.
Até o momento, foram repatriados R$ 659 milhões de contas no
exterior, segundo o mais recente balanço da operação. Desse total, cerca de US$
100 milhões só com o ex-gerente da estatal petroleira Pedro Barusco.
O coordenador da força-tarefa, o procurador da República
Deltan Dallagnol, afirmou que os valores ainda são baixos. [Podemos dizer que
um número muito pequeno de contas mantidas ilegalmente no exterior por corruptos
e corruptores veio ao Brasil], disse. [Tem muita coisa por vir ainda.]
A estratégia, segundo a Procuradoria, será ampliar parcerias
com órgãos internacionais de investigações. Dallagnol citou como exemplo a
bem-sucedida troca de informações com o Ministério Público da Suíça, que
encontrou quatro contas no exterior do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
A Lava Jato realizou 86 pedidos de cooperação internacional
em 36 países. Desse total, há 77 pedidos de cooperação com 28 nações em vigor.
Essas parcerias permitem, por exemplo, o bloqueio de bens dos envolvidos no
esquema de corrupção na estatal. No caso de Cunha, foram congelados US$ 2,4
milhões na Suíça.
Além de mirar contas usadas por corruptos e corruptores, o
Ministério Público Federal decidiu aprofundar as investigações contra empresas
estrangeiras que foram beneficiadas pelo esquema na Petrobrás, como a holandesa
SBM. [Vamos para cima das empresas estrangeiras também], comentou Dallagnol.
Acusações. Triplicar o número de acusações formais é outro
objetivo da força-tarefa da Lava Jato em 2016. Até agora, 179 pessoas foram
acusadas em 36 procedimentos formais, entre outros delitos, por corrupção,
crimes contra o sistema financeiro, formação de quadrilha e lavagem de
dinheiro.
[Quem foi acusado até agora é menos de um terço dos
personagens citados. Então, há muitas acusações criminais por vir], ressaltou o
procurador. [E ainda há várias pessoas já acusadas que voltarão a sofrer novas
acusações por outros crimes.]
O coordenador da força-tarefa destacou que o apoio da
opinião pública tem sido fundamental para o êxito da Operação Lava Jato. O
Ministério Público elaborou uma lista com 10 medidas legislativas que serão
apresentadas em um projeto de iniciativa popular no Congresso. A proposta já
conta com o apoio de 1,1 milhão de assinaturas ? são necessárias 1,5 milhão
para apresentar o projeto. [A sociedade está deixando de se vitimizar, passando
a ser autora do seu próprio destino], alegou Dallagnol.
[Efeito Marcos Valério]. O interesse da população no caso,
segundo ele, é um dos motivos que estimulam acusados a optar por acordos de
delação premiada. O outro seria o que ele chamou de [efeito Marcos Valério],
lembrando a condenação do operador do mensalão a 40 anos de prisão. [Enquanto
ele está preso, a maioria dos políticos envolvidos naquele caso já está solta.
Isso tem efeito entre os envolvidos, no caso, que não são políticos.]
Diferentemente do que têm dito advogados e juristas críticos
à Lava Jato, diz, a maior parte dos acordos foi feita quando os acusados não estavam
sob prisão preventiva. [Mais de 70 dos acordos foram feitos com réus que jamais
ficaram presos], justificou. [E em 100 dos casos a colaboração foi buscada
pelo réu], lembrou. Até agora, foram firmados 40 acordos de delação. [Por meio
desses acordos, já conseguimos recuperar mais R$ 2,8 bilhões.] (AE)
(FOTO: EBC)