As crises são efeitos de problemas do passado que servem
para reforçar o planejamento estratégico do futuro. Daí a iniciativa do
Ministério da Defesa de projetar um percentual maior do orçamento do Brasil
para suas atividades, garantindo a continuidade de programas que, em vez de
interrompidos, devem ser acelerados.
Em recente audiência na Comissão de Relações Exteriores e
Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, sugerimos que o Brasil siga o exemplo
dos demais países do Brics, e, como Rússia, Índia, China e África do Sul,
aplique um percentual próximo de 2 do Produto Interno Bruto na Defesa
Nacional.
Além da manutenção das atividades regulares e conservação de
equipamentos do aparato militar, programas estratégicos já em estágio avançado
de produção precisam ser continuados. Um exemplo eloquente é o de submarinos,
que inclui um navio de propulsão nuclear em construção pela Marinha, capaz de
proteger nosso imenso mar jurisdicional com discrição e rapidez.
Destaque-se ainda o programa cibernético e também o
aeroespacial, no qual muito já investimos em satélites. Estamos próximos de
concluir o cargueiro KC-390, em associação com a iniciativa privada, novo
símbolo da irradiação de investimentos injetados na economia pela indústria de
defesa. Há muitos outros projetos, de tecnologia da informação a radares, a
depender de investimentos.
A iniciativa é semeada num tempo de contenção para florescer
na bonança, ou seja, no vindouro ciclo de prosperidade que o País vai desfrutar
após os ajustes que estão em curso. A vocação brasileira é de progresso e
desenvolvimento, com clareza das prioridades determinadas por sua importância
geopolítica como potência regional e força em ascensão no cenário
internacional.
A ideia de que o mundo atravessa uma era de paz é falácia a
que não devemos sucumbir. Apesar de vivermos em harmonia com os vizinhos, a
Defesa Nacional precisa revigorar-se com forte poder de dissuasão num cenário
de preocupante instabilidade. (Aldo Rebelo)