A ex-ministra Marina Silva afirmou neste domingo, 17, que o
seu partido, a Rede Sustentabilidade, é contra o impeachment da presidente
Dilma Rousseff porque teme que a chegada do vice-presidente Michel Temer ao
poder possa resultar na paralisação das investigações da Operação Lava Jato
Para Marina, tanto PT, partido de Dilma, quanto PMDB, de
Temer, são [faces da mesma moeda] e têm responsabilidade diante dos sucessivos
escândalos de corrupção que afetam o País. [O nosso receio é que o impeachment
possa criar uma aura de que o problema foi resolvido, retirando todo o suporte
da população às investigações da Operação Lava Jato], disse Marina após reunião
da executiva da sigla, chamada de [elo nacional], em Brasília.
Um dos porta-vozes da Rede, o cientista político Luiz
Eduardo Soares argumenta que, se Dilma for afastada do cargo, a coalizão de
partidos que se formará para dar sustentação a um eventual governo de Temer
poderia pressioná-lo para que ele colocasse obstáculos aos avanços da operação.
[Essa eventualidade poderia criar condições adequadas a uma tentativa de
paralisação da Lava Jato, que é hoje o que existe de mais importante no Brasil],
afirmou.
A avaliação é de que hoje as investigações têm avançado
mesmo com quadros importantes do governo petista, mergulhado numa grave crise
política, na mira das investigações.
TSE
Neste domingo, ex-ministra voltou a afirmar que, apesar de a
Rede ser contra o impeachment, o partido apoia o processo de cassação do
mandato de Dilma e Temer que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para
a ex-ministra, a Operação Lava Jato dará suporte para a ação e poderá revelar
se o dinheiro usado na campanha de 2014 foi fruto de desvios da Petrobras.
A executiva nacional da Rede se encontrou no fim de semana,
em Brasília, para discutir a conjuntura política e econômica do País. As
posições debatidas foram reunidas em um documento elaborado durante o encontro.
Marina também criticou a política econômica adotada por Dilma
e disse que o País vive uma [crise sem precedentes]. No Congresso, a Rede não
vai apoiar as medidas que vêm sendo defendidas pelo governo para o País sair da
crise, como a volta da CPMF e a reforma da Presidência.
A assessoria de Temer não atendeu aos telefonemas da
reportagem até a conclusão desta edição. (Diário do Poder)
(FOTO: VAGNER CAMPOS)