NEGÓ“CIOS IMOBILIÁRIOS DE LULA FORAM SEMPRE REVESTIDOS DE SUSPEITAS

O provérbio [amigos, amigos, negócios à
parte] não vale para a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde o fim dos anos 1980, ele e seus filhos se utilizam de amizades para
emprestar ou adquirir imóveis. Quase sempre, nos negócios, surge alguma relação
que gera suspeita de órgãos de fiscalização.

Na semana passada, o Ministério Público decidiu que
vai ouvir o ex-presidente sobre o negócio envolvendo um apartamento tríplex no
Guarujá (SP) construído pela OAS Empreendimentos. Por meio de nota, Lula
confirmou que visitou o imóvel ao lado do então presidente da empresa, Léo
Pinheiro.
Há 18 anos, Lula teve de explicar à Polícia Civil e
ao MP como comprou um apartamento de cobertura em São Bernardo do Campo, no ABC
paulista, com a ajuda do advogado Roberto Teixeira. Compadre do ex-presidente,
ele ajudou Lula a adquirir dois outros imóveis na cidade.

Em 1989, Teixeira ficou conhecido nacionalmente por
emprestar uma casa para Lula morar quando ele disputou pela primeira vez a
Presidência da República. Entre 1996 e 2001, Teixeira ajudou Lula a adquirir
três imóveis em São Bernardo do Campo. Em todos os casos, há o envolvimento de
empresas em situação falimentar para as quais Teixeira prestou serviços
advocatícios.

Moradia oficial dos Lula da Silva, o apartamento de
cobertura no edifício Green Hill foi comprado por sugestão de Teixeira. Ele
trabalhava para Dalmiro Lorenzoni, dono da empreiteira que fez o prédio.

Em 1998, o Ministério Público abriu um inquérito
para apurar um suposto crime de sonegação fiscal envolvendo Lula, Teixeira e a
empresa. Na oportunidade, suspeitou-se que a incorporadora foi beneficiada por
uma decisão da prefeitura de São Bernardo do Campo, anos antes, em 1991, quando
administrada pelo PT. Então prefeito interino, Djalma Bom (PT) revogou a
desapropriação de uma área de 3,3 mil da empresa de Dalmiro.

Quatro anos depois, parte da área legalizada foi
comprada pelo então vice-presidente nacional do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh. Um
ano depois, em 1996, Lula comprou um apartamento em construção pela mesma
Construtora Dalmiro Lorenzoni Construções.

Lula comprou o imóvel de Luiz Roberto Satriani, que
prestava serviços de terraplenagem para Dalmiro. Em 1997, questionado na época,
Satriani afirmou que vendeu o apartamento porque não tinha dinheiro para pagar
o restante das parcelas.

Aberto a pedido do Ministério Público em 1998, o
inquérito policial só foi encerrado em 2003, quando Lula já havia tomado posse
como presidente da República e Greenhalgh era deputado federal. Por conta
disso, os autos foram remetidos para o Supremo Tribunal Federal.

Um ano depois, a Procuradoria-Geral da República
solicitou o arquivamento e o STF atendeu ao pedido. Em 2005, o caso foi
arquivado. Nem Teixeira nem Lorenzoni sofreram ações. Procurados pela reportagem
nesta quarta-feira, dia 3, Lula e Greenhalgh não quiseram se manifestar.
Lorenzoni não foi encontrado.

Defesa

Procurado pela reportagem, o advogado Roberto
Teixeira afirmou, por meio de nota, que [nunca houve intermediação] de imóveis para Lula. [Atuo como advogado do presidente e foi nessa
condição que o orientei na aquisição dos imóveis], disse.

Sobre negócios com empresas em situação falimentar,
Teixeira afirmou que [não houve nenhum problema jurídico na aquisição dos
imóveis]. O advogado disse ainda ser alvo de [um claro movimento que
busca atacar] sua [honra]. Diário do Poder)

(FOTO: MICHEL FILHO/O GLOBO E DIVULGAÇÃO)

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