Minúsculo mosquito de 5 milímetros bastou para demolir a
soberba petista. A terrível epidemia de zica é o retrato em preto e branco de
quatro governos, cujo único programa social se reduziu ao assistencialismo
eleitoreiro e estéril da bolsa-família.
Não bastasse a corrupção, a rápida propagação da doença traz
à tona o quadro de desagregação familiar, do abandono da infância, da falência
da educação, do colapso do Sistema Único de Saúde, da falta de trabalho, de
emprego, de moradia, de saneamento básico. A demagogia populista nos reduziu à
pior situação da história, colocando-nos em pé de igualdade com as mais
atrasadas nações africanas.
Para não me estender, tomo como exemplos duas notícias do
[Estadão]: [Moradora do interior, a jovem Valquíria Cristiane dos Santos
abandonou os estudos na 6ª série, casou-se aos 12 anos e não aparenta ter mais
do que os seus 18 anos, mesmo depois de três gestações. Vive com o marido em
uma casa com chão de cimento batido e telhado sem forro, em um bairro pobre e
violento de Goiana, cidade com 29 notificações de microcefalia]. Valquíria não
trabalha para pode cuidar dos filhos, o mais velho de 3 anos. Já a mais nova,
Sophia Vitória, nasceu de parto normal no dia 14 de novembro, com pouco mais de dois quilos e 30
centímetros de perímetro cefálico (7/2/2016, pag. A11).
A mesma reportagem relata a história de Ana Paula da Silva,
funcionária de limpeza, mãe de Alexia Vitória, de 3 meses. Mãe e filha moram na
mesma Goiana, em casa [colada a outras moradias de um beco, onde pilhas de lixo
atraem mosquitos]. A criança nasceu com idênticos 30 centímetros de
circunferência cefálica.
A matéria sintetiza a situação trágica de milhões de pessoas
que sobrevivem abaixo da linha de pobreza, ignoradas pelo governo, desmentindo
imagens forjadas de programas sociais inexistentes.
Comecemos pelas mães: Valquíria Cristiane deixou a escola
aos 12 para se casar. Com 18, sem instrução e profissão, vive com marido
desempregado e filhos, o maior de 3 anos, a menor de 3 meses, em barraco de
chão batido, sem forro, em comunidade sem lei próxima de Recife. Ana Paula é
mãe de outros quatro filhos, qualificada como [funcionária de limpeza], ou
seja, faxineira, certamente diarista sem emprego fixo. A matéria não se
refere a marido.
Sem escolaridade completa, profissão e emprego, adolescentes
pobres engravidam para ter filhos sem pai e sem família, criados ao Deus dará,
na interminável perpetuação de história das mães e avós.
Goiana, com 80 mil habitantes, e Paulista, com cerca de 300
mil, integradas à Recife, capital de Pernambuco, terra natal de Lula, são
apenas dois exemplos de milhares de municípios vítimas da falência de políticas
federais, estaduais e municipais de saúde e educação.
Diriam os petistas que foram escolhidas a dedo cidades
nordestinas, e pobres. Vejamos, então, notícia de 6/2/2015, no mesmo jornal
[Estado], sobre São Bernardo do Campo, berço do PT, tido como exemplo de
administração pública.
Em mutirão de cirurgias de catarata, no Hospital Municipal
de Clínicas de Alvarenga, 27 pessoas se submeteram à operação; 21 sofreram de
infecções, 10 tiveram os globos oculares extraídos, diversas correm o mesmo
risco de ficarem cegas. Segundo a Dra. Odete Gialdi, Secretária da Saúde do
Município, o episódios foi um [evento adverso], havendo [rigoroso processo de
investigação em curso] (6/2/2016, pág. A15). Evento adverso? Não. O que houve
foi criminosa combinação de imprudência, com negligência e imperícia, por parte
dos responsáveis pelas cirurgias.
Para conter a zica, a
dengue, o chikungunya são necessárias medidas radicais de mobilização,
saneamento, higiene, informação e
convencimento de quem não acredita na seriedade do problema. A erradicação do
petismo, responsável pela decadência do País, seguirá o mesmo caminho, com
paciência e persistência para despertar os alienados e neutralizar bolsões de
fanatismo que, apesar dos pesares, resistem. (Diário do Poder)
Almir Pazzianotto
Pinto, advogado, foi presidente do Tribunal Superior do Trabalho