AVANLJA PEC QUE PRO͍BE CRIALJÃO DE DESPESAS SEM RECEITAS OU REPASSES CORRESPONDENTES

O Senado aprovou em primeiro turno nesta terça-feira (16) o
texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 128/2015, que impede a
criação de leis que imponham ou transfiram encargos financeiros para a União,
estados, municípios e Distrito Federal sem fonte de receita ou respectiva
transferência de recursos por parte do governo federal. O texto foi aprovado
com 65 votos favoráveis, 1 voto contrário e 1 abstenção.

Ficou pendente a votação de emenda do senador Ricardo
Ferraço (sem partido-ES) que proíbe a União de reduzir alíquotas de alguns
impostos sem que estados e municípios sejam recompensados pela perda de
arrecadação decorrente dessas desonerações.

Na quarta-feira (17), os senadores tentarão concluir a
análise de emendas e votar a matéria em segundo turno. Depois, a PEC voltará
para novo exame da Câmara dos Deputados.

De autoria do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), a PEC 128
tem a mesma finalidade da PEC 84/2015, aprovada em agosto de 2015 pelo Senado e
que espera análise da Câmara dos Deputados. Assim como o texto dos deputados, a
proposta articulada pela senadora Ana Amélia (PP-RS) busca atender antiga
reivindicação de estados e municípios contra a criação de programas federais
com execução a cargo de estados e municípios.

Os entes federativos alegam não ter mais como assumir os
crescentes encargos decorrentes desses programas. Exemplo desse tipo de
situação foi criado, por exemplo, com a instituição, em 2008, do piso salarial
para os professores do magistério público da educação básica. Estados e
municípios ainda relatam dificuldades para cumprir o piso, mesmo com aportes do
governo federal destinados à complementação do pagamento.

O texto estabelece que os atos sobre os repasses de serviços
e encargos somente poderão vigorar se existir dotação orçamentária para o
pagamento das despesas decorrentes.

A emenda acolhida, de autoria do senador Eunício Oliveira
(PMDB-CE), tornou o texto da PEC 128 semelhante ao texto original da senadora
Ana Amélia (PEC 84). O relator da matéria em Plenário foi o senador Humberto
Costa (PT-PE). Ele concordou com a justificação dos deputados de que a emenda é
necessária como forma de assegurar o equilíbrio financeiro dos entes nacionais,
assim como sua capacidade de executar políticas públicas.

Humberto Costa diz ainda que as alterações no texto
constitucional são importantes inclusive para proteger o orçamento da União.
Isso porque fica vedada a aprovação de qualquer ato normativo sem que exista
dotação orçamentária no próprio orçamento da União destinada a seu pagamento ou
que estejam baseadas em aumento permanente de receita ou redução perene de
despesa no âmbito federal. O objetivo é compensar os efeitos financeiros da
nova obrigação assumida.

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) disse que a futura
emenda constitucional vai [facilitar a vida de estados e municípios]. Para
Walter Pinheiro (PT-BA), a mudança na Constituição [corrige um erro histórico.
José Serra (PSDB-SP) disse que a proposta volta para a Câmara dos Deputados
?ampliada e enriquecida?. Para ele, essa emenda constitucional terá um papel
semelhante ao da Lei de Responsabilidade Fiscal para o equilíbrio das contas do
país.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) se posicionou contrário
à aprovação da PEC por entender que a nova norma poderá impedir o aumento
periódico do piso nacional dos professores do ensino básico da rede pública.
Alguns senadores, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa, disseram
que o Senado precisaria achar um meio de a PEC não acabar com o reajuste do
piso salarial.

Entretanto, o senador José Pimentel (PT-CE) garantiu aos
colegas que a proposta não trará prejuízo ao reajuste anual do piso nacional
dos professores, que já tem sua política de reajuste em vigor até 2023. Assim,
também será votada na quarta emenda de Cristovam para deixar explícito no texto
que os reajustes do piso nacional dos professores não será prejudicado.

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) lembrou que a norma não
impedirá o reajuste do salário mínimo nacional. Também participaram dos debates
e apoiaram a aprovação da PEC os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS), Fernando
Bezerra Coelho (PSB-PE), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO),
Marcelo Crivella (PRB-RJ), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Lúcia Vânia (PSB-GO),
Otto Alencar (PSD-BA) e outros.

(Agência Senado)

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado