Considerada o fiel da balança na condução do processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional, a cúpula do
PMDB do Senado começa a mostrar sinais de divisão. Alguns de seus integrantes
avaliam que a conjuntura política se agravou para o governo nos últimos dias e
começam rever a posição de apoio, adotada até aqui, pela permanência da petista
no cargo.
Em conversas reservadas, a avaliação entre peemedebistas da
Casa é de que a [temperatura elevou-se muito] após vir a público trechos da
delação do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e da possibilidade do surgimento de
novos depoimentos de representantes de empreiteiras envolvidas no esquema
investigado na Operação Lava Jato.
Em depoimento perante o grupo de trabalho da
Procuradoria-Geral da República na Lava Jato, Delcídio acusou Dilma de atuar
três vezes para interferir na operação por meio do Judiciário. A presidente
negou as declarações do senador. As primeiras revelações do ex-líder do governo
fazem parte de um documento preliminar de acordo de colaboração premiada, que
ainda precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal.
A avaliação no PMDB do Senado que tem atuado internamente na
legenda, desde o ano passado, para barrar qualquer avanço do impeachment no
Congresso, é de que os episódios recentes podem obrigá-los a passar de uma
posição de [defesa do governo] para [expectativa do que pode vir], considerou
um integrante da legenda.
Na lógica que o impeachment ganhou [uma nova possibilidade],
integrantes do partido ressaltam, como ponto-chave, o fato de que, ao contrário
do ano passado, o vice-presidente Michel Temer que também preside o PMDB, e o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), têm se aproximado. Os
primeiros passos para o apaziguamento foram feitos na montagem da nova
Executiva do partido, que deve ser eleita na convenção do próximo dia 12.
Na ocasião, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), aliado de
Renan, deverá assumir a primeira-vice-presidência do PMDB, podendo ocupar
interinamente o comando da legenda caso Temer se afaste, iniciativa que já
ocorreu um outras ocasiões. A demonstração de afinamento entre Temer e Renan
também foi exposta na quinta-feira passada, dia que veio a público o depoimento
de Delcídio. Na ocasião, o vice foi recebido pelo senador em Alagoas. (Diário
do Poder).
Foto: EBC