O acirramento da crise política em Brasília e os
desdobramentos da Operação Lava Jato envolvendo diretamente o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva criaram no governo e na oposição a expectativa de que
as manifestações marcadas para este domingo igualem ou superem o recorde de
público registrado nos quatro grandes protestos anteriores em defesa do
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
No mais significativo deles, em 15 de março do ano passado,
a Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 210 mil pessoas, conforme o Datafolha
– a maior manifestação política registrada no Brasil desde o movimento das
Diretas-Já, em 1984. Naquela data, segundo cálculos da Polícia Militar, quase 2
milhões de pessoas foram às ruas em todo o País. Em São Paulo, a PM estimou que
1 milhão de pessoas se reuniram na região da Paulista, dado bastante
contestado.
Os protestos deste domingo programados para ocorrer em ao
menos 415 cidades brasileiras e outras 23 no exterior, de acordo com
monitoramento do Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL). Pela primeira vez
os partidos políticos de oposição no Congresso Nacional se associaram
institucionalmente ao evento – e consequentemente ao seu resultado final.
Representantes do MBL e os líderes partidários combinaram
uma atuação conjunta na capital paulista para mostrar afinidade. [Nosso
objetivo é criar uma canal institucional direto entre o Congresso, onde a
decisão do impeachment será tomada, e a rua. A delação do senador Delcídio
Amaral e a condução coercitiva do Lula esquentaram muito o clima], disse Renan
Santos, um dos coordenadores do MBL.
Além de abrir seu palanque para os políticos, o grupo montou
um comitê integrado e organizou uma entrevista coletiva ao lado dos
parlamentares. Deputados e senadores vão se reunir em um hotel e caminharão
juntos até a Avenida Paulista.
Passarão primeiro pelo caminhão do Vem Pra Rua, onde
discursarão do chão, e em seguida caminharão até o espaço reservado ao MBL. [Não
pode haver preconceito em relação aos políticos. As duas partes precisam agir
de forma integrada], diz o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), líder da oposição
no Congresso e coordenador do comitê integrado.
Os governistas, por sua vez, tentam minimizar um eventual
recorde de público. [Essa manifestação por si só não tem condições de derrubar
a presidente legitimamente eleita], afirma o deputado Paulo Teixeira (PT-SP),
um dos vice-líderes do governo na Câmara. (Diário do Poder)