O vice-presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira, 6,
que ficou [extremamente espantado] com a decisão do ministro do Supremo
Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, que determinou que fosse aceito um pedido
de impeachment contra ele na Câmara. O vice também criticou e chamou de
[jeitinho] a proposta de convocar eleições gerais para resolver a crise
política do País.
[Eu tenho o maior respeito (pelo ministro), mas confesso que
fiquei extremamente espantado no plano jurídico com a liminar que foi
concedida], afirmou.
Constitucionalista renomado, Temer afirmou que, quando leu o
despacho do ministro, pensou que teria que [voltar ao primeiro ano da faculdade
de Direito para reaprender], e argumentou que a decisão de Marco Aurélio não
respeitava a ordem jurídica.
Ele defendeu ainda que não cometeu as chamadas [pedaladas
fiscais] quando assinou decretos que elevavam gastos e que o Tribunal de
Constas da União (TCU) avaliou que as suas decisões, quando assumiu a
Presidência interinamente, respeitavam a lei orçamentária e a meta fiscal.
O fato de a presidente Dilma Rousseff ter praticado essa
manobra orçamentária é o principal argumento do pedido que originou a abertura
do processo de impeachment na Câmara contra a petista. Aliado de Temer, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, rejeito o pedido que argumentava que o
peemedebista também deveria ser afastado do cargo.
Novas eleições
O vice também criticou a proposta defendida por
correligionários de convocar eleições gerais para resolver a crise política do
País. O tema foi trazido à tona esta semana pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO)
e pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). [Eu acho que a
Constituição prevê mecanismos que já estão sedimentados na nossa ordem jurídica
para a solução de qualquer crise política], disse. Temer afirmou ainda que convocar
novas eleições seria um [jeitinho] e que isso sim agravaria a crise política do
País.
Questionado se o impeachment de Dilma seria essa solução, já
que o afastamento de um presidente está previsto na Constituição, ele disse que
não comentaria essa questão. [Eu fiquei um bom tempo em São Paulo exata e
precisamente para não parecer que eu estou trabalhando em qualquer sentido,
qualquer direção negativa], disse.
O vice também afirmou que não considerou um erro o PMDB
decidir sair do governo, porque esse era um sentimento majoritário no partido.
[Mais de 82 do diretório compareceu (na reunião da semana passada) e disse que
queria separar-se, e eu sou obediente ao que o meu partido diz], afirmou.
A decisão de romper com o governo foi criticada até mesmos
por peemedebistas. Seis dos sete ministros do partido decidiram continuar no
governo e não seguir a orientação de entregar os cargos. A expectativa que as
demais legendas da base aliada também rompessem com o governo não se
concretizou. Essas siglas estão negociando com o Planalto para ocupar o espaço
deixado pelo PMDB no governo. (AE)
Foto: Marcelo Camargo ABr