BERZOINI PEDIU CONTRIBUIÇÕ•ES, DIZ EX-PRESIDENTE DA ANDRADE GUTIERREZ

O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da
República, Ricardo Berzoini, está citado em delações premiadas de executivos da
Andrade Gutierrez homologadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori
Zavascki.

Ex-presidente da empresa, Otávio Azevedo relatou aos
procuradores da Lava Jato reunião com Berzoini na qual o petista avisou a ele
que as contribuições para o partido não deveriam ser apenas sobre obras da
Petrobrás, mas também de outras áreas da administração. A partir da
“recomendação”, a empresa teria, então, iniciado repasses ao partido
de parte dos valores de contratos relativos ao setor elétrico.

Berzoini confirmou que se reuniu com Azevedo em 2008, ano de
eleição municipal, para pedir contribuições ao PT. Ele disse não se recordar da
data do encontro. “Estive uma vez nas dependências da referida empresa, na
condição de presidente nacional do PT, assim como estive em várias outras
empresas, solicitando contribuição formal e legal”, afirmou. Ele alegou,
contudo, que não houve “nenhuma vinculação a obras ou contratos, para
sustentação das atividades partidárias”.

O ministro repetiu o discurso do partido de que “as
contribuições da empresa estão devidamente registradas nas prestações de contas
do PT, apresentadas regularmente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No sistema do TSE, constam R$ 5,8 milhões em doações da
empreiteira ao PT em 2008. Em 2010, a empreiteira repassou, oficialmente, R$
15,7 milhões ao à Direção Nacional do partido e ao comitê de campanha da
presidente Dilma Rousseff.

Os executivos da Andrade sustentam nas delações que a
empresa fez doações legais para campanhas do partido, mas com dinheiro do
esquema de corrupção da Petrobrás que se repetiu no setor elétrico, em obras
como a construção das usinas de Angra 3 e Belo Monte, que foi o primeiro grande
empreendimento da construtora na área de energia. Em troca de contratos com
órgãos públicos, as empresas repassavam dinheiro para o PT, PMDB e PP.

Berzoini é o quinto ministro do PT que teve o nome envolvido
na Operação Lava Jato. Também foram citados os ministros da Secretária de
Comunicação Social do governo, Edinho Silva, da Educação, Aloizio Mercadante,
do Gabinete Pessoal da Presidente, Jaques Wagner, e da Advocacia-Geral da União
(AGU), José Eduardo Cardozo. Além deles, também foi citado em delações
premiadas o assessor especial da presidente, Giles Azevedo, um dos quadros do
governo mais próximos de Dilma.

Berzoini ocupa um dos cargos mais importantes do governo
neste momento. É dele a responsabilidade pela articulação política com o
Congresso.

No governo Lula, ele foi ministro do Trabalho e da
Previdência. Em 1996, fundou a Bancoop, cooperativa dos bancários, que foi
presidida pelo PT. A cooperativa faliu e empreendimentos foram repassados pela
OAS, uma das empreiteiras investigadas pela operação.

Os executivos da Andrade contaram que Berzoini não atuava
sozinho. Os ex-ministros Erenice Guerra e Antonio Palocci também cobravam ajuda
da empreiteira, segundo fontes com acesso ao caso.

A assessoria de Erenice disse que ela não tratou de Belo
Monte. A ex-ministra, porém, não quis se manifestar sobre se o seu nome estava
sendo usado para atingir a presidente. O advogado de Palocci não retornou as
ligações da reportagem.”(Não houve) nenhuma vinculação a obras ou
contratos para sustentação das atividades partidárias”. (AE)

Foto- Lula Marques-Agência PT

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