A revista Época que circula neste fim de semana traz
reportagem sobre proposta de delação premiada feita pelo engenheiro José
Antunes Sobrinho, um dos donos da empreiteira Engevix, que comprometeria o
vice-presidente Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e os ex-ministros Erenice Guerra e José Dirceu. Segundo a revista,
Antunes Sobrinho, um dos presos pela Operação Lava Jato, preparou uma proposta
de delação com 30 anexos, cada um deles com personagens e relatos de crimes
distintos.
Sobre Temer, o empreiteiro teria afirmado, de acordo com a
reportagem, que pagou propina a operadores que falavam em nome do
vice-presidente. O mesmo teria ocorrido em relação a Renan. Outra revelação é a
suposta destinação de recursos não contabilizados oficialmente para o PT, em
troca de vantagens em obras e em estatais como a Caixa Econômica Federal.
A revista diz ainda que Antunes Sobrinho fez pagamentos a um
intermediário para ser apresentado a Carlos Araújo, ex-marido de Dilma, a quem
teria pedido ajuda para manter concessões em dois aeroportos, supostamente
ameaçadas por causa da insatisfação do Palácio do Planalto com o ritmo de obras
nos mesmos. O empreiteiro também teria pedido a intervenção de Araújo na
liberação de um financiamento para sua empresa.
Na delação, ainda segundo a reportagem, o empreiteiro
ressalvou que nunca recebeu cobrança direta de recursos de Carlos Araújo, e
disse ignorar se o intermediário atuava por conta própria ou como representante
do ex-marido da presidente. Antunes Sobrinho também teria feito pagamentos para
Erenice e Dirceu – não detalhados no trecho da reportagem que a Época publicou
na quinta-feira, 21, em seu site.
O dono da Engevix é acusado de corrupção e lavagem de
dinheiro na mesma ação em que Dirceu é réu. Ele foi preso no dia 21 de setembro
de 2015, na Operação [Ninguém Durma], da 19ª fase da Lava Jato. (AE)
(FOTO: ED FERREIRA, AE)