Logo após ter sido notificado da decisão do Senado Federal,
que aprovou na manhã desta quinta-feira (12) a abertura de processo de
impeachment e o afastamento por até 180 dias de Dilma Rousseff da Presidência
da República, o vice-presidente Michel Temer anunciou por meio de sua
assessoria os nomes dos ministros que integrarão o ministério do novo governo.
Temer recebeu a notificação às 11h25 (veja no vídeo acima)
do senador Vicentinho Alves (PR-TO), primeiro-secretário do Senado. Antes de
notificar Temer, no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-presidência,
Alves já tinha intimado a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
[Desejei a ele [Temer] sucesso. Disse a ele as palavras que
eu tinha dito anteriomente, de que a expectativa é muito grande, mas que ele
tem todas as condições de capacidade, de relacionamento, de dinamismo, para
corresponder com a expectativa do povo brasileiro], afirmou. Segundo o senador,
Dilma recebeu a intimação de [forma natural e respeitosa] e não fez nenhum
comentário.
Entre os nomes anunciados nesta quinta, alguns já haviam
sido divulgados informalmente por interlocutores de Temer ao longo das últimas
semanas, como Henrique Meirelles (Fazenda), Romero Jucá (Planejamento), Eliseu
Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
Até a última atualização desta reportagem, dois ministérios
(Integração Nacional e Minas e Energia) ainda não tinham os nomes dos ocupantes
definidos. O PMDB deverá ficar com uma dessas duas pastas e o PSB, com outra.
Partidos
Dos 21 ministros anunciados pela assessoria de Temer nesta
quinta, seis são do PMDB, partido que terá o maior número de filiados no
primeiro escalão do governo – esse número ainda pode crescer, pois alguns
ministros ainda não foram confirmados.
Partidos que integraram a base de Dilma, como o PP e o PSD,
decidiram apoiar o impeachment da presidente dias antes da votação na Câmara e
integrarão o governo Temer.
Dois ex-ministros da presidente afastada, que saíram há
pouco tempo, voltarão a ser ministros: Henrique Alves (Turismo) e Gilberto
Kassab (Ciência e Tecnologia e Comunicações).
Por outro lado, partidos que sempre fizeram oposição a
Dilma, como PSDB, DEM e PPS, agora passam a ser governo e vão comandar
ministérios da gestão de Michel Temer.
Deputados
Da lista de ministros anunciadas por Temer nesta quinta,
nove são deputados: Mendonça Filho (DEM-PE), Ricardo Barros (PP-PR), Ronaldo
Nogueira (PTB-RS), Osmar Terra (PMDB-RS), Sarney Filho (PV-MA), Bruno de Araújo
(PSDB-PE), Maurício Quintella (PR-AL), Raul Jungmann (PPS-PE) e Leonardo
Picciani (PMDB-RJ).
A nomeação desses parlamentares para o primeiro escalão do
governo faz parte da estratégia do presidente em exercício de obter apoio na
Câmara, a fim de assegurar os votos necessários para aprovar reformas
consideradas prioritárias diante do cenário de crise econômica.
Esses deputados comandarão pastas como Educação, Esporte,
Defesa, Cidades, Meio Ambiente e Desenvolvimento Social e Agrário.
Desde que o impeachment de Dilma andou na Câmara dos
Deputados, Temer dedicou sua agenda a uma série de reuniões diárias com
dirigentes partidários, aliados políticos e conselheiros.
Articulações
Até o Senado deliberar sobre o impeachment de Dilma, o
governo contava com 32 ministérios e, com Temer, esse número deve cair. Algumas
pastas, como a Secretaria de Comunicação Social, perderão o status de
ministério.
O mesmo valerá para os ministérios do Desenvolvimento Social
e Desenvolvimento Agrário, unificados em uma pasta, assim como os ministérios
da Ciência e Tecnologia e das Comunicações.
Já outros ministérios mudam de nome, como a antiga
Controladoria-Geral da União (CGU), que passará a ser o Ministério da
Fiscalização, Transparência e Controle.
Segundo a assessoria de Temer, o presidente em exercício
deverá chegar ao Palácio do Planalto por volta das 15h, mas não haverá
cerimônia.
Temer dará posse aos novos ministros do governo e, assim
como Dilma fez na manhã desta quinta, fará um pronunciamento à imprensa.
Haverá, ainda, durante a tarde, a primeira reunião ministerial do novo governo.
Também de acordo com a assessoria, o primeiro compromisso
externo de Temer como presidente em exercício será na noite desta quinta. Ele
comparecerá à cerimônia de posse do novo presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes.
Confira abaixo a relação dos novos ministros
Fazenda – Henrique Meirelles
Planejamento – Romero Jucá (PMDB)
Desenvolvimento, Indústria e Comércio – Marcos Pereira
Relações Exteriores (inclui comércio exterior) – José Serra
(PSDB)
Casa Civil – Eliseu Padilha (PMDB)
Secretaria de Governo- Geddel Vieira Lima (PMDB)
Secretaria de Segurança Institucional (inclui Abin) – Sérgio
Etchegoyen
Educação e Cultura – Mendonça Filho (DEM)
Saúde – Ricardo Barros (PP)
Justiça e Cidadania – Alexandre de Moraes
Agricultura – Blairo Maggi (PP)
Trabalho – Ronaldo Nogueira (PTB)
Desenvolvimento Social e Agrário – Osmar Terra (PMDB)
Meio ambiente – Sarney Filho (PV)
Cidades – Bruno Araújo (PSDB)
Ciência e Tecnologia e Comunicações – Gilberto Kasssab (PSD)
Transportes – Maurício Quintella (PR)
Advocacia-Geral da União (AGU) – Fabio Medina
Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU) – Fabiano
Augusto Martins Silveira
Defesa – Raul Jungmann (PPS)
Turismo – Henrique Alves (PMDB)
Esporte – Leonardo Picciani (PMDB)
Minas e Energia – entre
PMDB e PSB
Integração Nacional – entre PMDB e PSB
(Filipe Matoso e Gioconda Brasil -Do G1 e da TV Globo, em
Brasília)
(Foto: Twitter Oficial/Michel Temer)