O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené,
afirmou em delação premiada que o Grupo Caoa pagou R$ 20 milhões ao governador
de Minas, Fernando Pimentel (PT). Os pagamentos, segundo Bené, no depoimento,
ocorreram entre 2013 e 2014, ano em que o petista deixou o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para candidatar-se ao governo.
Dos R$ 20 milhões, afirmou o delator, R$ 7 milhões foram
repassados diretamente a Pimentel no exterior. O restante teria sido usado na
campanha. Bené fechou acordo de colaboração em 24 de abril, conforme antecipou
o Diário do Poder. Ele está preso no Núcleo de Inteligência Policial (NIP),
área restrita da Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília desde
15 de abril e é apontado como [operador] de Pimentel.
A ordem de prisão foi decretada pelo ministro Herman
Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), relator da Operação Acrônimo
na corte. O empresário teria falsificado provas para tentar [blindar] o
governador.
A delação de Bené tem 20 anexos, cada um correspondendo a
uma suposta irregularidade envolvendo não apenas Pimentel, mas também outros
políticos e empresas. Um anexo é denominado [Evento Caoa]. Na primeira fase da
Operação Acrônimo a PF encontrou uma lista na empresa de Bené com políticos e
empresários que recebiam dinheiro com o valor especificado ao lado.
Confidências
Bené é amigo do governador Fernando Pimentel e ajudou a
elegê-lo governador de Minas Gerais, em 2014. Entre os seus bens, constam um
avião bimotor ? onde viajou Pimentel durante a campanha.
As investigações da Operação Acrônimo começaram justamente
em 2014, quando o avião de Bené foi apreendido com R$ 133 mil em espécie.
Naquela ocasião, Bené seguia de Belo Horizonte (MG) para Brasília (DF), quando
foi surpreendido por agentes da PF no Aeroporto JK.
A Polícia Federal chegou até Bené após comprovar que ele
financiou campanhas petistas e da presidente Dilma com dinheiro desviado de
contratos firmados com o próprio governo Dilma. Segundo investigações, Bené se
aproximou do PT durante o segundo mandato do governo Lula.
Negam tudo
As
defesas de Pimentel e do Grupo Caoa negaram as acusações de Bené. Por meio de
sua assessoria de imprensa, o Grupo Caoa disse desconhecer o conteúdo da
delação de Bené. O advogado de Pimentel, Eugênio Pacelli, rechaçou as acusações.
[A defesa de Fernando Pimentel esclarece que o governador não recebeu qualquer
tipo de vantagem em qualquer tempo de quem quer que seja. Se existente, é falsa
e absurda a acusação de pagamento no exterior], afirmou. (Diário do Poder)