LAVA JATO CHEGA A DILMA E FORTALECE TENTATIVA DE ACELERAR IMPEACHMENT

O conteúdo inicial da delação premiada do executivo Marcelo
Odebrecht causou impacto na ação do impeachment, em trâmite final no Senado, e
deverá fortalecer a base governista na tentativa de acelerar o desfecho do
processo. As informações prestadas pelo empreiteiro à Operação Lava Jato
envolvem diretamente a presidente afastada Dilma Rousseff.

A ação de afastamento tem por base as pedaladas fiscais e
ainda precisa ser votada novamente no Senado. Porém, a própria defesa de Dilma
tentou incluir semana passada no processo elementos da Operação Lava Jato, que
apura desvios na Petrobras. A petista buscava ganhar tempo, enquanto a base
governista no Senado quer acelerar o desfecho desta etapa final do trâmite.

Até anteontem, a estratégia de Dilma e do PT era protelar o
impeachment apostando no desgaste do presidente em exercício Michel Temer por
conta das revelações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado na Lava
Jato, que atingem aliados importantes de Temer no PMDB, como o senador Romero
Jucá (RR). A divulgação das primeiras revelações de Odebrecht, no entanto,
ampliaram o fogo sobre Dilma e forneceram munição para o Planalto.

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP),
defendeu ontem a inclusão das informações prestadas por Odebrecht como prova no
processo de impeachment. Para o tucano, as declarações do empresário deverão
ajudar a convencer senadores indecisos de que a petista não tem condições de
voltar a comandar o País.

Segundo reportagem da revista IstoÉ, em acordo de
confidencialidade com a Operação Lava Jato, Odebrecht disse que Dilma pediu
pessoalmente uma doação de R$ 12 milhões para sua campanha eleitoral em 2014.
Conforme a publicação, o empreiteiro diz que o então tesoureiro da campanha,
Edinho Silva, solicitou o montante, mas a Odebrecht recusou-se a pagar. O
empresário, então, teria procurado Dilma, que teria afirmado: [É para pagar].

[Essas declarações ajudam a formar a convicção de que ela
não pode permanecer na Presidência. É mais uma elemento para corroer aquela
fímbria de autoridade que ela tinha], disse Aloysio. Para o senador, as
afirmações de Odebrecht devem ser levadas em consideração no julgamento do
impeachment. [Isso contribui para desmoronar aquela imagem virginal que ela o
PT construíram dela e da gestão dela].

De acordo com a revista Veja, Odebrecht também afirmou que a
reeleição de Dilma foi financiada com propina depositada em contas no exterior.

Áudios

Na avaliação de Aloysio Nunes, o próprio advogado de Dilma,
José Eduardo Cardozo, abriu espaço para essa inclusão, ao pedir ontem na
comissão do impeachment do Senado a inclusão como prova dos áudios em que Jucá
defende estancar as investigações da Lava Jato. [Já que é para falar do
conjunto da obra, fica evidente que (a declaração de Odebrecht) deve ser levada
em consideração.]Na sessão da comissão do impeachment do Senado, na
quinta-feira, o pedido de Cardozo foi negado pelo relator do processo, senador
Antonio Anastasia (PSDB-MG). O tucano mineiro sustentou que os áudios de Jucá
são estranhos ao processo. [Os áudios não são fatos novos, não alargam o
objeto. Não são estranhos ao processo, eles são o processo], rebateu o advogado
de Dilma.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que
Dilma Rousseff deveria renunciar ao cargo e [poupar o Brasil] da espera pelo
desfecho do processo de impeachment. [Já existiam insinuações nesse sentido e
agora vem a comprovação final da participação direta da presidente da República
em todos esses atos irregulares e criminosos na operação da Petrobras],
afirmou.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que as
acusações de Marcelo Odebrecht sobre pedido de doação ilegal para a campanha da
presidente afastada reforçam a tese de cassação da chapa das eleições
presidenciais de 2014 formada pela petista e por Temer.

[Se confirmado, isso contamina a chapa. Afinal, Temer não
seria presidente interino se Dilma não tivesse sido eleita], afirmou Randolfe.
Para o senador, a declaração de Odebrecht reforça a necessidade de o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) julgar logo o caso. A chapa Dilma-Temer é alvo de
quatro ações ajuizadas pelo PSDB, pedindo a cassação por abuso de poder
econômico nas eleições presidenciais de 2014. (Diário do Poder)

Foto: Diário do Poder 

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