Mensagem encontrada pela Polícia Federal no celular do
empreiteiro Léo Pinheiro, um dos sócios da OAS, diz que o ex-presidente Lula
atuou para que a empresa conquistasse na África o direito de executar uma obra
de cerca de R$ 1 bilhão. No texto, lê-se que a empreiteira obteve a execução de
um empreendimento na Guiné Equatorial ?com a ajuda do Brahma? ? codinome com
que, segundo interpretação da PF a partir de informações da Operação Lava Jato,
Pinheiro se referia ao petista.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a mensagem
foi enviada para o celular de Pinheiro em 31 de janeiro de 2013 por Jorge
Fortes, diretor de Relações Institucionais da OAS em Brasília àquela época. O
objetivo do comunicado era que o empreiteiro conseguisse, por intermédio de um
ministro não identificado, que a presidente Dilma Rousseff colocasse a pedra
fundamental em uma estrada de 51 quilômetros ligando a capital da Guiné,
Malabo, a Luba ? as duas principais cidades portuárias do país.
A obra foi contratada por US$ 320 milhões, algo em torno de
R$ 1 bilhão. Léo Pinheiro afirmava que o empreendimento estava situada ao lado
do aeroporto em que Dilma desembarcaria em fevereiro de 2013 ? a presidente fez
uma visita àquele país africano naquele mês e perdoou uma dívida de R$ 27
milhões do país com o Brasil. No entanto, frisa a Folha, não há informações de
que ela acatou a demanda do executivo da OAS a respeito da obra.
[A Guiné Equatorial é governada por um ditador, Teodoro Obiang, que se tornou aliado de Lula quando o
ex-presidente decidiu que o Brasil deveria ter uma presença forte na África.
Ele é o ditador africano que está há mais tempo no poder: 36 anos. Antes de
Dilma visitar a Guiné Equatorial, o filho do ditador, Teodorín Obiang, passou o
carnaval no Rio e conseguiu escapar de um pedido de extradição feito pela
França graças a ajuda de executivos da OAS], diz trecho da reportagem.
Por mais de uma vez Lula disse considerar legítimo que
presidentes e ex-presidentes da República atuem em outros países para promover
negócios de interesses do Brasil e de empresas nacionais no exterior ?
argumento que não convenceu a Procuradoria-Geral da República, que em julho de
2015 abriu inquérito contra o petista por tráfico de influência, depois de
investigação do Ministério Público Federal. Por meio de nota, o Instituto Lula
nada disse sobre a mensagem no celular de Léo Pinheiro. [Não comentamos
vazamentos ilegais de mensagens de autoria de outras pessoas] resumiu a entidade.
(Congresso em Foco)