O técnico em informática responsável pela manutenção do
programa de controle de pagamento de propina da Odebrecht revelou aos
investigadores da Operação Lava Jato a existência de um servidor reserva na
Suíça onde estão todos os detalhes das transações financeiras entre a
empreiteira, agentes políticos e dirigentes de estatais. O depoimento de Camilo
Gornati abre caminho para a delação premiada da empreiteira, que esbarrava na
ausência de provas. Até então os investigadores acreditavam que os arquivos do
Setor de Operações Estruturadas haviam sido apagados dos computadores da
Odebrecht no ano passado, logo após a prisão de Marcelo Odebrecht. As
informações são do jornal O Globo.
Em depoimento à Justiça Federal, em junho, Camilo Gornati
afirmou que um servidor reserva ficou ativo até maio, quando o Ministério
Público da Suíça bloqueou o acesso a ele. A recuperação dos documentos
contábeis e da movimentação financeira do chamado ?banco da propina? é
considerada fundamental pelos procuradores para a conclusão do acordo, o mais
aguardado pelos investigadores devido aos valores e ao grande número de
políticos possivelmente favorecidos pela empreiteira.
Nas duas últimas semanas, os procuradores aceitaram os
tópicos a serem delatados pela Odebrecht, com os crimes podem ser revelados
pelos funcionários da empreiteira. Mas avisaram que, sem provas concretas, não
aceitaram o acordo.
O sistema de informática usado pela Odebrecht para controlar
as transações da propina chamava-se [Drousys] e foi comprado pela empreiteira
para operacionalizar pagamentos no exterior. Dados do sistema aos quais a
força-tarefa da Lava Jato teve acesso revelaram que a Odebrecht mantinha pelo
menos 42 contas no Caribe, que abasteceram 28 offshores com mais de US$ 132
milhões da empreiteira.(Congresso em Foco).
Foto: Giuliano Gomes ec.jpg