O Mistério Público Federal requereu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) urgência no julgamento da denúncia criminal contra a senadora
Gleisi Hoffmann (PT/PR) e do marido dela, o ex-ministro do Planejamento
(Governo Lula), Paulo Bernardo. A acusação diz que em 2010 a campanha de Gleisi
recebeu R$ 1 milhão do esquema de propinas instalado na Petrobras.
Em manifestação ao STF, a procuradora-geral da República em
exercício Ela Wiecko afirma que Paulo Bernardo agiu como [verdadeiro operador]
de Gleisi. Segundo Ela Wiecko, o ex-ministro solicitou recursos de origem
ilícita para abastecer a campanha da mulher.
A base da denúncia da Procuradoria-Geral da República são as
delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
(Abastecimento) e do doleiro Alberto Youssef, personagens decisivos da Operação
Lava Jato – suas revelações incriminaram dezenas de políticos com foro
privilegiado perante a Corte máxima, entre deputados e senadores.
Paulo Bernardo foi preso na Operação Custo Brasil,
deflagrada em junho pela Polícia Federal e pela Procuradoria em São Paulo. Ele
teria recebido R$ 7,1 milhões em propinas de um esquema com empréstimos
consignados no âmbito do Ministério do Planejamento, entre 2010 e 2015.
Seis dias depois de sua prisão, o ex-ministro foi solto por
ordem de Dias Toffoli, ministro do STF.
A denúncia contra Gleisi e o marido ao Supremo foi
apresentada em maio por Rodrigo Janot, procurador-geral da República. O casal
foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva.
A PF sustenta que Paulo Bernardo pediu o dinheiro a Paulo
Roberto Costa. Durante dez anos, Costa comandou a Diretoria de Abastecimento da
estatal petrolífera. Indicado pelo PP para o cargo, Costa foi o precursor do
esquema de propinas na Petrobrás segundo a Lava Jato.
A operação de entrega dos recursos para a campanha de Gleisi
ficou a cargo do doleiro Yousseff, segundo a Lava Jato. O dinheiro teria sido
repassado por um empresário de Curitiba. A PF concluiu que Paulo Bernardo sabia
da origem ilícita do dinheiro.
Quando a Procuradoria denunciou Gleisi e Paulo Bernardo ao
Supremo, a defesa da senadora e do ex-ministro rechaçou a acusação. [Todas as
provas que constam no inquérito comprovam que não houve solicitação, entrega ou
recebimento de nenhum valor por parte da senadora], destacaram, na ocasião, os
advogados Verônica Sterman e Rodrigo Mudrovitsch. [A denúncia sequer aponta
qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especulações que não são
compatíveis com o que se espera de uma acusação penal], disseram.
Os advogados que defendem Gleisi e Paulo Bernardo anotaram,
ainda, que [são inúmeras as contradições nos depoimentos dos delatores que
embasam a denúncia, as quais tiram toda a credibilidade das supostas delações].
[Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que seis versões diferentes
para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não existiram], afirmam.
[As referências ao ex-ministro Paulo Bernardo na denúncia
baseiam-se em declarações contraditórias e inverossímeis. Não houve qualquer
envolvimento dele com os fatos narrados na denúncia. Demonstraremos isso com
veemência e acreditamos que a denúncia não pode ser recebida], ressaltaram
Verônica Sterman e Rodrigo Mudrovitsch. (Diário do Poder)
Foto: Estadão