Um dos delatores da Andrade Gutierrez na Operação Lava Jato,
o executivo Flávio Gomes Machado Filho, relatou em quase 30 minutos de
depoimento ao juiz federal Sérgio Moro que a empreiteira pagou propina ao PT
sobre obras na Venezuela financiadas pelo BNDES. O empresário declarou que o pagamento
foi feito por meio de [doações oficiais].
Os valores, segundo Machado, estariam dentro de uma
exigência de 1 de propina feita em 2008 pelo então presidente do PT, Ricardo
Berzoini.
A imposição de Berzoini, segundo o delator contou a Moro,
ocorreu durante reunião que teria tido também a presença do tesoureiro do PT à
época, Paulo Ferreira, de seu sucessor João Vaccari Neto e do então presidente
da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.
[Teve uma outra participação também que eu fui envolvido,
também nada a ver com Petrobrás, um assunto ligado a um financiamento no
exterior, uma obra na Venezuela, que quando começou a liberação financeira do
BNDES me solicitaram também dentro deste acordo. Tudo isso eu voltava para
dentro da empresa. Eu era demandado pelo João Vaccari, eu voltava para dentro
da empresa, porque eu não tinha autonomia para tomar decisão nenhuma nesse
sentido. No caso do BNDES foi pago, referente ao financiamento que correspondia
a 35 do valor total do contrato.]
Flávio Machado declarou que a Andrade Gutierrez pagou
propina também sobre obras da Eletronuclear. [No caso específico, da Venezuela,
do BNDES, e da Eletronuclear, foram feitos pagamentos através de doações
oficiais. E, no caso específico da Eletronuclear, foi pago não o solicitado 1,
que segundo o diretor da área específica não teria como fazê-lo. Isso foi feito
com 0,5.]
[O que acontecia na verdade é que eu não tinha nenhum tipo
de controle de nenhuma ação. Era uma situação, seguinte: nós tomávamos uma
decisão na empresa, capitaneada pelo Dr. Otávio Azevedo, no sentido de [vamos
dar uma ajuda ao Partido dos Trabalhadores, no valor x], ou qualquer outro
partido. Não tinha nenhuma regra preestabelecida, nenhum controle. Eu recebia
já uma situação concluída, definida que vamos fazer uma ajuda tal. Eu levava a
demanda para o Otávio e eventualmente depois voltava, recebia de volta e se
fazia a operacionalização através de doação oficial para o Partido dos
Trabalhadores.]
O executivo afirmou que [era demandado por diversos
políticos, partidos, principalmente em épocas de campanha, mas não era
exclusividade].
[Eventualmente, políticos, como têm bases em outros Estados,
procuravam outros executivos da Andrade em outras situações], disse. (Diário do
Poder)
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