O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
anunciou nesta quarta-feira, 10, que vai marcar a votação final da cassação do
deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para o próximo dia 12 de setembro,
uma segunda-feira. O caso, portanto, será levado ao plenário da Casa depois da
conclusão do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no
Senado, prevista para o fim de agosto.
Maia já tinha sinalizado nesta terça-feira, 9, a líderes
partidários que deixaria a votação para a semana entre 12 e 16 de setembro. A
justificativa é de que não será possível votar o caso na próxima semana, porque
não haverá atividades na Câmara, em razão do início da campanha eleitoral. Na
semana seguinte, será a votação do impeachment no Senado, o que também
impossibilita a votação sobre Cunha.
De 29 de agosto a 2 de setembro, Maia deve assumir o comando
do País interinamente, por causa da viagem do presidente em exercício, Michel
Temer, para a reunião do G-20 na China. Com isso, não poderia presidir a
votação e a função seria transferida para o 1º vice-presidente da Câmara,
Waldir Maranhão (PP-MA).
Na primeira semana de setembro, também não seria possível
votar a cassação, por causa do feriado de 7 de setembro, o que diminuiria o
quórum.
Por essa linha de pensamento, restou, portanto, a semana
entre 12 e 16 de setembro. De acordo com parlamentares próximos do presidente
da Câmara, ele não escolheria o dia 13, por ser o número que identifica o PT nas
urnas eleitorais. Mais cedo, Maia descartou as críticas de que a data teria
sido escolhida para ajudar Cunha. Disse que garante mais quórum ante das
eleições do que depois. [Duvido que este plenário não estará presente para a
votação], afirmou.
Para além da exclusão das datas, pesou na decisão do
presidente da Câmara a unificação do discurso da base aliada de Temer em torno
do assunto. Por temer que Cunha retalie membros do governo e que isso pudesse
atrapalhar o impeachment, o Planalto atuou para garantir que a antiga oposição
(PSDB, DEM e PPS) se unisse ao Centrão (grupo de 12 partidos liderados por PP,
PSD e PTB) e passasse a defender a votação da cassação depois do impedimento de
Dilma.
O discurso único da base foi acertado durante café da manhã
nesta terça-feira entre Rodrigo Maia e líderes do Centrão e da antiga oposição.
O encontro ocorreu na residência oficial da presidência da Câmara, em Brasília.
O único líder da antiga oposição que diz ter se posicionado contra a maioria
foi o do PPS, deputado Rubens Bueno (PR). [Não concordei. Coloquei a minha
posição de continuar cobrando a votação o mais rápido possível], afirmou o
parlamentar.
Assim como Bueno, líderes da oposição a Temer defendiam que
Maia marcasse a votação para o mais rápido possível, antes da votação final do
impeachment. [Tudo é legítimo. A oposição quer votar amanhã, a base do governo
quer votar depois do impeachment], minimizou o presidente da Câmara. Ele argumenta
que sua decisão respeita a [média dos prazos] de outras votações de cassações,
segundo ele, de quatro a cinco semanas. (AE).
Foto: Flavio Soares – Ag. Câmara