DILMA ACEITA RETIRAR MENLJÃO A [GOLPE] DE CARTA A SENADORES

A presidente afastada Dilma Rousseff fez nesta quarta-feira,
um acordo com senadores aliados para retirar a palavra [golpe] da carta que vai
divulgar nos próximos dias, quando se referir ao processo de impeachment. Em
reunião com senadores que a apoiaram, um dia após virar ré no processo, Dilma
afirmou que, pessoalmente, defendia a inclusão do termo, mas aceitou os
argumentos de que chamar parlamentares de golpistas, neste momento, pode
fazê-la perder ainda mais votos.

Na Carta aos Senadores e ao Povo Brasileiro, que está sendo
reescrita, a presidente afastada também vai demonstrar disposição para atuar
pela concertação nacional, apoiando a Operação Lava Jato. O documento terá
frases de efeito. Dilma vai dizer, por exemplo, que seu partido é o Brasil e
assumirá erros políticos no relacionamento do governo petista com o Congresso.

Embora nos bastidores o impeachment seja considerado
irreversível, os aliados da presidente afastada procuram em público demonstrar
resistência. Na madrugada desta quarta-feira, o Senado decidiu, por 59 votos
favoráveis e 21 contrários, que Dilma irá a julgamento na Casa. Para que ela
deixe definitivamente o cargo são necessários 54 votos, e a decisão final, no
plenário do Senado, deve ser tomada no fim deste mês.

O presidente do PT, Rui Falcão, participou do almoço desta
quarta com Dilma, senadores e dirigentes de partidos aliados. Falcão
manifestou, mais uma vez, sua posição contrária à proposta de convocação de um
plebiscito para antecipar as eleições de 2018, sob o argumento de que, na
prática, isso é inviável. Dilma, porém, discordou de Falcão. [Vou manter o plebiscito],
afirmou a petista. [Apesar das posições diferentes, dissemos ali que ela não
perderá apoio por causa desse assunto. Isso não vai ser motivo de crise nem com
o PT nem com os partidos aliados nem com os movimentos sociais], comentou o
senador Humberto Costa (PT-PE).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que, embora
Dilma não tenha cedido nesse ponto, concordou, após muitas ponderações, em
retirar a menção ao que seus defensores classificam como “golpe”
parlamentar. Tudo para não melindrar os senadores, às vésperas do julgamento
final. [Esse foi o acordo de hoje. Não haverá menção a golpe. Se mudarem
de novo, estarão quebrando o acordo], observou Randolfe.(AE)

Foto: Dida Sampaio_Estadao