O Senado redigiu a intimação da presidente afastada Dilma
Rousseff para que ela compareça ao julgamento do processo de impeachment em 25
de agosto. O documento confirma a data do início da análise final do processo,
que ainda não foi oficializada. Havia a possibilidade de a última etapa do
julgamento ser iniciada em 23 de agosto, como queria a base aliada do
presidente em exercício Michel Temer.
Apesar da documentação já estar pronta, a presidente
afastada só será notificada depois da entrega do libelo de defesa, um documento
que resume a argumentação dos advogados de Dilma e apresenta o nome de até seis
testemunhas que falarão no processo. Conforme os prazos legais, os advogados
têm até as 13h40 de hoje para entregar o documento.
Até esta quinta-feira, a defesa disse não ter fechado os
nomes das testemunhas. Os advogados se sentiram prejudicados pela limitação de
seis depoimentos e buscavam encaixar no número o perfil de testemunhas que
haviam desenhado em sua estratégia anteriormente.
O objetivo da defesa é balancear depoimentos que corroborem
a inocência de Dilma nos critérios fiscais do processo e com outros que rebatam
a acusação em sua tese jurídica.
Mesmo começando no dia 25, a data representa uma vitória
para Temer, que pretende se tornar presidente efetivo até o fim de agosto, em
tempo de fazer sua primeira viagem oficial e participar da reunião do G-20, que
será realizada na China entre 4 e 5 de setembro.
Técnicos do Supremo Tribunal Federal, cujo presidente é a
autoridade máxima do processo de impeachment no Senado, calculam que o
julgamento deve durar, pelo menos, uma semana. Senadores da base de Temer,
entretanto, trabalham para que o prazo seja menor.
O próprio presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
que por um tempo tentou se distanciar das articulações do processo, já opera
para que o julgamento seja breve e não ultrapasse três dias. Renan busca fechar
com os senadores um acordo para diminuir a quantidade de pronunciamentos.
Na próxima semana, o presidente do Supremo, ministro Ricardo
Lewandowski, se reúne com líderes partidários para fechar o rito das sessões do
julgamento, à semelhança do que foi feito antes da sessão da pronúncia. O
objetivo é criar um acordo sobre o tempo de duração das reuniões, dos
intervalos e das falas dos senadores nos pronunciamentos.
Votação
Na madrugada de quarta-feira, o plenário do Senado aprovou,
por 59 a 21 votos, a continuação do processo de impeachment na Casa.
A sessão foi encerrada às 2h40 de quarta-feira, 11, quase 17
horas depois do início. Para acelerar o desfecho, a acusação adiantou a entrega
das suas alegações finais sobre o impeachment. Eles entregaram o documento em
menos de 12 horas. (AE)