[NÃO SEI QUAL ɉ A OBSESSÃO QUE O GOVERNADOR TEM COMIGO], PROVOCA ACM NETO APÓS CR͍TICAS

Com agenda corrida, o prefeito ACM Neto (DEM) recebeu o
Bahia Notícias na sala de seu apartamento, no Corredor da Vitória, para uma
conversa sobre o momento pré-eleitoral. Antes do gravador ser acionado, pediu
que o fotógrafo evitasse mostrar detalhes da residência. [Não quero expor a
privacidade da minha família], justificou. Após a entrevista, abriu a porta
pessoalmente e chamou o elevador. Foram cerca de 30 minutos de bate-papo,
quando o gestor rebateu as recentes críticas publicadas na imprensa, proferidas
pelos adversários ? em especial o governador Rui Costa (PT). [Eu não sei qual é
essa obsessão que o governador tem comigo], provocou ACM Neto, ainda sereno. A
calma, todavia, esvaiu-se quando o prefeito ouviu a menção de que a reforma do
Rio Vermelho teria custado R$ 70 milhões, segundo o divulgado pelo governador.
[Eu lamento que o governador fale do que não sabe. Ele cita, por exemplo, que a
obra do Rio Vermelho custou R$ 70 milhões, quando ela custou R$ 44 milhões na
sua primeira etapa], afirmou, para negar também qualquer relação [promíscua entre
governo, partido e empresas]. [Eu me admiro do governo se dispor a fazer esse
tipo de ilações], completou. Durante a conversa com o Bahia Notícias, o
prefeito falou pouco sobre eleição. Ao ser questionado sobre o tema,
tergiversava e tentava trazer o tema para a administração municipal ? inspirado
na corrida eleitoral prestes a começar oficialmente, numa espécie de palanque
discreto. O gestor também reclamou que o tom adotado por Rui Costa não deixa o
clima [leve]. [Se ele não quer ser simpático, não tem problema. O que talvez o
governador não aceite é o fato de que a prefeitura não é uma secretaria
estadual], atacou ACM Neto. Leia a entrevista completa, onde o prefeito também
cita ter sido [perseguido] pelo governo federal e ressalta que se for para
falar de eleição, apenas 2016 está na pauta. [As pessoas especulam muito sobre
2018, perguntam sobre candidatura a governador. Confesso que sequer aceito conversar
sobre essas especulações], garantiu.

Nas últimas semanas,
houve uma elevação no tom da oposição, principalmente por figuras como o
ex-governador Jaques Wagner e o atual governador Rui Costa, quando falam sobre
temas relacionados à prefeitura de Salvador. Isso é reflexo da proximidade da
eleição?

Olha, eu diria que são duas coisas. Primeiro, que isso é o
reflexo de pessoas com argumentações muito frágeis, com enorme dificuldade de
criticar o trabalho de recuperação que foi feito em Salvador nos últimos três
anos e oito meses e acabam recorrendo a palavras pouco qualificadas. O outro
motivo é que é muito característico da forma de fazer política deles baixar o
nível quando a eleição se aproxima. Isso aconteceu nas últimas campanhas.
Vivemos isso em 2014, vivemos isso em 2012 e já começamos a viver isso em 2016.
Ocorre que, da minha parte, eu não vou cair nessa armadilha. Enquanto eles
estiverem me agredindo, eu vou estar conversando com a cidade. Enquanto eles
estiverem me ofendendo, vou apresentar propostas novas para Salvador. Enquanto
eles estiverem questionando nossa trajetória à frente da prefeitura, eu vou
mostrar, com muita transparência à população, tudo o que foi feito, muito já
conhecido e divulgado, e tantas outras coisas que sequer são do conhecimento de
parcela majoritária da população porque não foi possível comunicar tudo nesse
período de governo.

 O resultado da atual gestão o mantém confortável em relação ao debate
eleitoral?

Absolutamente. Quando eu assumi a prefeitura, na minha
primeira reunião com a equipe de trabalho, eu disse a eles que a maioria dos
políticos no Brasil caía na tentação de sentar na cadeira e, no primeiro dia,
já pensar na reeleição. E, ali, eu dizia que todos estavam proibidos de trabalhar
com o horizonte da eleição que viria e agora chegou. Eleição é consequência de
trabalho. Eleição é consequência da avaliação popular de tudo o que foi feito
pela cidade. Hoje, Salvador inteira sente a transformação que nós
proporcionamos nos últimos anos. Isso não é propaganda, não é discurso. Está
sendo vivido e sentido nos quatro cantos da cidade. Foi possível fazer tudo?
Claro que não. E ninguém se propôs, em hora nenhuma, a resolver problemas que
se acumularam ao longo de décadas em apenas três anos. Mas o avanço que
Salvador viveu nos últimos anos mudou o patamar da nossa cidade. Isso quer seja
no serviço público, nas obras de infraestrutura, na relação da prefeitura com a
cidade, quanto na organização administrativo-financeira do município. Então, eu
chego hoje com a consciência de que fiz muito mais do que prometi há quatro
anos atrás e, sobretudo, com a disposição de dar continuidade e surpreender
ainda mais a cidade nos próximos anos. Esse debate será feito com muita
transparência e vai ser importante porque os programas de televisão,
entrevistas e debates vão permitir que a gente exponha serviços que foram
realizados pela prefeitura e muita gente não sabe.

Algumas coisas não
foram possíveis de se fazer, como o BRT e o Hospital Municipal. A tentativa de
reeleição é uma desculpa para tentar finalizar esses projetos?

Não. Vou citar outros exemplos. Nós temos na nossa rede
escolar mais de 400 escolas. São, mais ou menos, 420 a 430 escolas que temos na
nossa rede hoje. Em quatro anos, nós recuperamos, reformamos e reconstruímos
190, quase metade da rede, em quatro anos. Isso nunca aconteceu na história de
Salvador. Mas não deu para recuperar as 400. Isso era absolutamente impossível,
não tínhamos orçamento para isso. Eu, por exemplo, não imaginava que avançaria
tanto na educação quanto avancei. Quatro anos são suficientes para fazer tudo?
Não. Um governo que tenha compromisso e mantenha o pilar que está dando certo,
porém sempre inovando, ganha oxigênio e prepara para continuar um trabalho
ainda mais aperfeiçoado. No caso do Hospital Municipal, foi um compromisso
nosso que já começou a se tornar realidade. E olha que, quando veio a crise
econômica em 2015, que a prefeitura começou a ter quedas importantes de
receitas, muitos me aconselharam a não seguir adiante com esse projeto e a
colocar a culpa na crise. Eu não aceitei isso. Me virei, economizei em diversas
áreas para garantir que o projeto ficasse pronto, a obra fosse licitada, para
que agora ela pudesse andar de vento em popa, num ritmo excelente de execução.
Nós temos hoje toda a previsão de recursos até o fim do ano, para atender a
todo cronograma do hospital. Então, sinto que essa é uma promessa cumprida. Com
relação ao BRT, nós não prometemos na campanha passada um BRT. Nós falamos em
intervenções viárias, em viadutos, que acabaram sendo incorporados na solução
do BRT. Ora, se o BRT até hoje não saiu do papel, é muita clara qual é a razão.
A cidade toda sabe disso e a imprensa ajudou muito na cobrança. Eu fui
literalmente enrolado pelo governo federal durante três anos, pela
ex-presidente Dilma [Rousseff], que prometeu e não fez nada. Agora, nesse pouco
tempo do governo [Michel] Temer, eu diria que nós avançamos em dois meses o que
não avançamos em dois anos na gestão passada. O projeto está pronto e o
financiamento está praticamente assegurado. Agora é uma questão das assinaturas
e o BRT vai se tornar realidade, eu não tenho nenhuma dúvida. Se ele não
começou a sair do papel nesse tempo de governo, só houve uma explicação, que
foi exatamente palavra dada e não cumprida pelo governo federal do PT.

Em entrevista recente, o governador Rui Costa sugeriu que houve
priorização de obras de [troca de calçamento e toldos], citando o Rio Vermelho
e a Barra, em detrimento a construção de creches. Faltou investimento na
educação infantil em Salvador, como sugerem seus adversários?

O que talvez o governador não aceite é o fato de que a Prefeitura
não é uma secretaria estadual. É um poder independente, que hoje anda com as
próprias pernas, que não fica sob o domínio e determinação política, a vontade
do próprio governador, que, às vezes, demonstra um viés bastante autoritário. A
cidade de hoje pode tanto investir no Rio Vermelho, que tem um esforço de
requalificação urbana para aquela região, mas econômica para a cidade, pelo
emprego que gera e o turista que atrai, mas também pode, com recursos próprios,
dobrar o número de vagas em creches e pré-escola. Aliás, esse vai ser um tema
principal da minha campanha. A creche pré-escola mais antiga de Salvador tem 80
anos. Em 80 anos, foram criadas 20 mil vagas de creche pré-escola. Nós, nessa
gestão, em apenas dois anos, estamos criando 20 mil novas vagas. Ou seja, tudo
o que foi feito em 80 anos pela educação infantil em Salvador nós estamos
fazendo em apenas dois, inaugurando mais de 30 novas unidades de educação
infantil em Salvador. Nunca se fez isso na cidade, e tudo com recursos próprios,
porque as promessas do [Brasil Carinhoso], do governo do PT de Rui Costa, não
saíram do papel. O governo não liberou absolutamente nada para a nossa cidade.
Mais uma vez, apenas enrolação. Coube a nós irmos lá e produzirmos a nossa
própria solução. Agora eu lamento também que o governador fale do que não sabe.
Ele cita, por exemplo, que a obra do Rio Vermelho custou R$ 70 milhões, quando
ela custou R$ 44 milhões na sua primeira etapa. Eu aproveito para convidar o
governador, aos finais de semana ou qualquer dia da semana, para conhecer o
novo Rio Vermelho, para ele ver a transformação urbana que aconteceu ali.
Aliás, um reduto que, historicamente, era do PT, celebrado pelo PT e que,
talvez por isso, porque eles não tiveram a ideia de entrar em uma área da
cidade de forte presença cultural, de forte atividade econômica, venha a dor de
cotovelo. Eu lamento que um governador de Estado, que deveria ter muito mais
coisa para tratar na Bahia, esteja querendo desmerecer uma obra que foi tão
importante para Salvador.

 O governador chega a comparar os R$ 70 milhões, que, segundo ele, foram
gastos no Rio Vermelho com os R$ 157 milhões da duplicação da Avenida Orlando
Gomes. É possível fazer essa simples comparação de cifras?

Claro que não. Isso é um absurdo. Outra coisa: a obra da
Orlando Gomes foi feita quase que inteiramente com recursos federais. Todas as
obras feitas pelo município são feitas com recursos municipais. O governo
estadual, e eu quero dizer aqui que aplaudo a Orlando Gomes, a Pinto de Aguiar,
pois são obras importantes e necessárias para a cidade, se formos focar onde o
governo do Estado priorizou suas obras viárias, foram em áreas nobres. Onde a
prefeitura priorizou suas obras viárias, feitas com recursos próprios,
diferente do governo do Estado, que fez com o chapéu dos outros? Priorizamos
áreas pobres. Por isso, vem a recuperação da Ladeira do Cacau, a Ligação
Cajazeiras V a X, resolvendo todo o problema do trânsito de Cajazeiras, Avenida
Dois de Julho, ligando Cajazeiras ? Valéria ? BR-324, a requalificação completa
da Avenida Suburbana, a Eduardo Doto, garantindo toda a ligação novinha em
folha entre São Tomé de Paripe e Tubarão. Temos também a Iriguaçu, que foi uma
obra extremamente importante no Subúrbio. A duplicação da Baixa do Fiscal, que
era um drama para quem mora na Cidade Baixa, na Calçada e no Subúrbio. Então,
se você examinar, as grandes obras viárias da prefeitura foram em áreas pobres.
Agora, tem outro dado. Eu fiz um levantamento, porque contra números não há
discurso. 76,5 de toda a aplicação orçamentária do município nos anos de 2013
a 2015 ? não tenho os dados de 2016, pois só teremos quando o ano encerrar ?
foi feita nas áreas pobres da cidade. Isso equivale, mais ou menos, a
aplicações na ordem de R$ 3,2 bilhões. Veja que, nas áreas consideradas nobres
ou de classe média, ainda existem bolsões de pobreza e nós não estamos
eliminando o que ficou nos 23,5. Porque você vai, por exemplo, para a regional
Barra-Pituba. Você tem ali no meio duas áreas, que são dois grandes bolsões de
pobreza, que são as áreas do Calabar e Alto das Pombas, e a área do Nordeste,
Chapada, onde fizemos muito. Então, mesmo nesses 23,5 aplicados em áreas
nobres da cidade, você tem ali bolsões de pobreza que receberam investimentos
altíssimos. Então eu não tenho nenhum receio desse debate. Outro dado
importante. Quando chegamos à prefeitura em 2012, Salvador aplicou em Educação
em 2012 cerca de 22 e, em Saúde, cerca de 15. Na Saúde, tiramos de 15 e
chegamos a 19. Na Educação, estamos chegando a 28. Todo esse recurso extra
que coloco é uma decisão minha, discricionária. Eu poderia aplicar em qualquer
outro lugar, para fazer via e fazer orla, mas não, eu estou aplicando na Saúde
e na Educação. Isso significa a mais por ano, nessas duas áreas,
aproximadamente, R$ 250 milhões de reais. Para ter uma comparação clara, em um
ano só, a gente coloca a mais do que seria nossa obrigação legal de colocar
tudo o que foi investido, em todas as orlas, em todos esses anos.

Em outra entrevista,
o governador sugeriu que a obra do Rio Vermelho foi executada por uma
construtora ligada à família do empresário Nicolau Martins, preso na Operação
Copérnico, da Polícia Federal. Existe alguma relação entre a obra do Rio
Vermelho e as UPAs administradas pelo Instituto Médico Cardiológico da Bahia em
Salvador, que foi alvo da operação?

Em absoluto, não existe absolutamente nenhuma relação. Todas
as obras da prefeitura são feitas com licitações criteriosas e são fiscalizadas
pelo Tribunal de Contas, muitas delas com acompanhamento e fiscalização do
Ministério Público. Todos nossos procedimentos são absolutamente corretos, seja
na área da Saúde, Infraestrutura ou qualquer outra. A construtora do Rio
Vermelho, por acaso, é a mesma que construiu para o governo do Estado o
complexo viário Dois de Julho, ali no aeroporto. É a mesma que faz obras
públicas na Bahia e em diversos locais do Brasil para outros governos. Não há
nenhum favorecimento, muito pelo contrário. Agora, eu me admiro do governo,
repito, se dispor a fazer esse tipo de ilações. Eu poderia aqui fazer outra
tantas com relação a ele, mas o meu modo de agir e atual na política não é
esse. Todo o Brasil sabe quem é que, de fato, criou uma relação promíscua entre
governo, partido e empresas. E a gente vive um dos maiores escândalos de
corrupção dos últimos tempos. E não foi o Democratas, não foi o prefeito ACM
Neto e nenhuma obra da prefeitura de Salvador.

Há alguns dias, o senhor falou em [calundu] do governador
Rui Costa. Desde então, houve algum tipo de demanda do governo não atendida
pela prefeitura ou vice-versa?

A prefeitura, em geral, não tem nenhum tipo de apoio do
governo do Estado pra nada. Agora, por exemplo, os servidores que a gente
requisita do governo estadual pra ocupar cargos de confiança na prefeitura
sequer são liberados mais. Outro dia, requisitamos um servidor estadual para
assumir uma diretoria na Secretaria de Turismo e o governo não liberou, não tem
liberado mais ninguém. Isso é uma coisa habitual, governo libera pra prefeitura
e prefeitura pro governo. Existe um convênio, cada um remunera a outra parte, e
nem isso mais o governo está fazendo, o que lamento profundamente. Já o
governador não pode e nem tem o direito de falar de qualquer iniciativa da
prefeitura para atrapalhar o governo. Pelo contrário, tratamos com o máximo de
seriedade. Maior exemplo disso é o metrô. Se o metrô hoje existe, é porque eu
tomei a iniciativa, logo no início do meu primeiro mandato, de produzir a
solução. Se eu não tivesse produzido a solução para o metrô, construído um
acordo com governo estadual e federal, colocado R$ 2,5 bilhões de reais da
prefeitura, dado todas as possibilidades para execução da obra, lutado pela integração
com o sistema de transporte urbano, feito sacrifícios dentro da nossa malha
interna, de redução de linhas, se tudo isso não fosse feito, o metrô não
existiria hoje. Na hora de decidir as encostas que cada um faria, da mesma
forma. Sentamos e dividimos. Não houve briga, não houve divergência. Agora o
governador vem demonstrando reiteradas vezes uma má vontade pessoal comigo.
Lamento. Se dependesse de mim, teríamos uma relação muito mais agradável, mais
distensionada. Eu não sei o que é que ele vê, pois eu não vejo Rui Costa como
meu adversário. Ao que eu saiba, ele não é candidato a prefeito de Salvador. Eu
não sei qual é essa obsessão que o governador tem comigo. Da minha parte, vou
continuar fazendo minha linha tranquila, de colocar os interesses da cidade
acima de qualquer coisa. Temos quase 3 milhões de pessoas testemunhas da forma
correta como eu procedi, seja com a presidente Dilma Rousseff, com o governador
Jaques Wagner e com Rui Costa. Agora, o que o governador não pode esperar é que
passemos por cima dos interesses da cidade para atender a caprichos dele e do
seu governo. Aí não dá. Ou que nós, em algum momento, aceitemos renunciar
demandas que são importantes para Salvador, como a questão da Embasa, que não
respeita a infraestrutura da cidade. Você recapeia uma área, a Embasa chega lá,
destrói tudo, mesmo sendo avisada de que a obra iria acontecer. Ela estraga
tudo, não conserta. Aí não vai ter vida fácil. Vamos exigir respeito e cuidado
com a cidade. Não abro mão disso. Procurarei manter até o fim uma relação
institucional, de respeito e num nível, por mim, sempre elevado. Espero que o
governador tenha essa consciência. Não preciso da simpatia dele. Claro que,
quando há simpatia, fica muito mais leve. Mas, se ele não quer ser simpático,
não tem problema. O que eu preciso é que ele tenha o mesmo compromisso que eu
tenho, de colocar acima os interesses da cidade.

Um dos motes da sua
gestão é a utilização de recursos próprios para realização de obras. Quando a
prefeitura fala em recursos próprios, ela refere-se só à arrecadação ao coloca
no bojo as transferências constitucionais feitas pela União?

À arrecadação do município. Um estudo recente da Firjan
mostrou que Salvador é a primeira de todas as capitais do Brasil em
investimentos com recursos próprios. Eu quero lembrar que, há quatro anos
atrás, diziam que a cidade não tinha como andar com as próprias pernas, que
estava falida. Hoje, não. No segundo ponto, claro que o nosso desejo, numa
perspectiva de segundo mandato, é incorporar investimentos externos, seja por
financiamento ou liberação de recursos federais, nesse bolo de ações que a
cidade fez nos últimos anos. Eu, infelizmente, não tive mais porque fui
perseguido pelo governo federal. A situação hoje é outra. Acho que
conseguiremos avançar em assuntos importantes que estão sendo tratados com o
Banco Mundial e com a Caixa Econômica Federal e vamos avançar em diversas
solicitações encaminhadas para Brasília.

É saudável para
Salvador que o governador Rui Costa se mantenha tão envolvido nas eleições?
Alguns aliados dele o colocam como [melhor prefeito da história de Salvador].

Isso é uma piada. Se não fosse trágico, seria cômico, mas
uma piada trágica. Aí, você tem que perguntar ao eleitor se ele considera isso.
Eu não acho que ele considere isso, vide as avaliações registradas em pesquisas
ao longo da minha administração nesse tempo. Agora, eu não vou e não cabe a mim
limitar a participação do governador na campanha. Ele é um agente político e é
grandinho o suficiente para saber o que deve ou não fazer. Não sou eu quem vai
dizer isso.

 Você foi alvo de especulações sobre os mais diversos assuntos, desde
namoros até uma eventual desistência da reeleição. Essas informações circulavam
como termômetro para medir sua popularidade ou eram simples boatos?

Eu acho que houve uma coisa diferente do que havia até
então. Como eu fui uma pessoa muito acessível durante todos esses anos de
prefeitura, porque estava nos bairros direto, em vários eventos, muito aberto à
imprensa, a cidade acabou a acompanhar mais de perto a vida do prefeito, seja
como pessoa física ou mesmo na sua função institucional. As redes sociais
acabam ajudando muito nisso, é claro. Algumas foram especulações, mas outras
foram verdadeiras, seja no campo das paqueras, dos namoros, seja no campo das
movimentações políticas. O que importa, e eu tenho essa ideia na cabeça, é o
que eu sou e o que as pessoas que me conhecem sabem que eu sou. Eu não fico
muito preocupado com a imagem que vão fazer a partir de um boato ou fofoca. Eu
sei o que eu sou, minha família sabe, amigos sabem e a cidade sabe. Isso, para
mim, é o mais importante.

 A administração e uma eventual reeleição em 2016 vão servir como
espécie de trampolim para eleições futuras? O que ACM Neto espera de eleições
futuras?

É engraçado, pois de 2006 e 2007 para cá, principalmente por
causa de fatos que aconteceram na minha vida política, eu aprendi e amadureci
muito. Uma coisa mudou um pouco na minha personalidade. Mais novo, eu era muito
sonhador, imaginava muita coisa para minha vida, minha caminhada. A gente
jamais pode perder a capacidade de sonhar, e eu não a perderei nunca. Mas,
hoje, faço política muito com pé no chão. Tendo, claro, uma visão para longo
prazo, mas trabalhando para curto prazo. Se você me perguntar agora, eu não consigo
enxergar nada que não seja 2016. Hoje, só tenho em mente a eleição do dia 2 de
outubro. Não consigo enxergar nada além disso. As pessoas especulam muito sobre
2018, perguntam sobre candidatura a governador. Confesso que sequer aceito
conversar sobre essas especulações. Não é porque eu me protejo politicamente,
me blindo de ataques. É porque não há espaço na minha cabeça para esse tipo de
coisa. Eu tenho que viver meu objetivo imediato, que é a reeleição para
prefeito, com o mesmo objetivo que tive lá atrás, de fazer um grande trabalho
pela cidade, para cidade. Quem vai decidir o meu destino e meu futuro é a
cidade de Salvador. O povo de Salvador será senhor da decisão do meu destino e
do meu futuro. (Fernando Duarte / Bruno Luiz ? Bahia Noticias)

Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias