PT TROCARÁ DIRELJÃO PARA FUGIR DA CRISE E DA JUSTILJA

O PT vai trocar de comando. A decisão política sobre a
mudança foi tomada em uma reunião realizada em São Paulo nesta terça-feira
(13), com a presença do ex-presidente Lula e as bancadas de deputados federais
e senadores. A cúpula petista quer deixar a defensiva de quem está acossado
pelas investigações da Operação Lava Jato, inclusive com as prisões dos três
últimos tesoureiros do partido por crimes graves como corrupção e lavagem de
dinheiro, além da denúncia oferecida ontem (quarta, 14) pelo Ministério Público
Federal (MPF) contra Lula.

A direção do partido e as principais lideranças ? inclusive
quem não compõe o diretório nacional ? já concordam em antecipar as eleições
diretas de filiados para escolher a comissão executiva e o comando nacional. O
presidente da legenda, Rui Falcão, também topa não concorrer em nome da
renovação na direção. Lançado pelo ex-ministro Jaques Wagner para a presidência
da legenda, Lula deve continuar como presidente de honra do partido que fundou
no início dos anos 1980.

Mas os petistas não vão limitar as mudanças no partido à
troca na direção. O processo de tentativa de renovação implicará a substituição
do principal instrumento de participação da legenda, as eleições diretas dos
seus dirigentes, inclusive os estaduais e municipais. O acordo entre as
principais correntes e Lula prevê o fim do PED, o Processo de Eleições Diretas,
e sua substituição pela eleição dos dirigentes em convenções nacionais
formalmente convocadas com esse objetivo.

Já há o consenso de que as eleições diretas devem ser
antecipadas de dezembro de 2017 para abril ou maio do próximo ano, bem como a
realização do Congresso, previsto para o segundo semestre do próximo ano, para
maio ou junho. As eleições diretas internas do PT já provocaram denúncias dos
próprios deputados petistas, inconformados com as filiações de última hora de
militantes carimbados para apoiarem determinados grupos em troca de cargos na
burocracia do partido, e até mesmo na estrutura pública.

Tendências

A eleição direta para escolher a direção reduziu a
participação de correntes de esquerda da legenda na cúpula, entre elas a
Mensagem ao Partido, liderada pelo ex-ministro e ex-governador gaúcho Tasso
Genro. Ele é um dos mais críticos lideres petistas e, desde 2005, propõe uma
renovação do estatuto e do programa partidários.

O nome do ex-ministro Jaques Wagner foi lançado para
substituir Rui Falcão. Wagner citou o próprio Lula como alternativa. Mas o
ex-presidente deve se concentrar em se defender das acusações do MPF e
responder aos eventuais processos judiciais.

A cúpula do PT sabe que vai enfrentar muitas dificuldades
nas eleições municipais de outubro. E quer tentar chegar ao pleito nacional de
2018 em uma situação menos ruim do que a enfrentada pelos petistas neste ano,
principalmente depois de concretizados o impeachment da presidente Dilma
Rousseff, a prisão do marqueteiro das duas campanhas da petista, João Santana,
e do fato de que dirigentes da legenda envolvidos na Lava Jato. (Congresso em Foco)

Foto: Roberto Parizotti/CUT