SECRETÁRIO DA CASA CIVIL DE MG ɉ ALVO DE NOVA FASE DA OPERALJÃO ACRÔNIMO

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (23) uma nova
fase da Operação Acrônimo. Agentes foram às ruas logo no início da manhã. O
secretário de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais de Minas, Marco
Antônio Rezende Teixeira, é um dos alvos desta fase da operação. Contra ele, há
um mandado de condução coercitiva ? em que a pessoa é levada para prestar
depoimento. Segundo uma assessora da Casa Civil, ele está de férias no exterior.

Também há mandado de condução coercitiva para Paulo Moura
Ramos, atual presidente da Prodemge e sócio de Teixeira na MOP Consultoria. Não
há mandados de prisão para esta fase. Além das conduções coercitivas, a Polícia
Federal cumpre seis mandados de busca e apreensão. Nesta manhã, a polícia
realizou buscas no escritório da OAS, em Brasília. Segundo a Globonews, a
empresa OPR também é alvo desta fase.

A Operação Acrônimo investiga um esquema de lavagem de
dinheiro em campanhas eleitorais e recebimento de vantagens indevidas por parte
de agentes públicos. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), é
suspeito de ter utilizado os serviços de uma gráfica durante a campanha
eleitoral de 2014 sem a devida declaração dos valores e de ter recebido
[vantagens indevidas] do proprietário dessa gráfica, o empresário Benedito
Oliveira, conhecido como Bené.

O advogado do governador de Minas comentou sobre a operação.
[Essa operação já se esgotou. O que resta é o gosto pelos holofotes e a busca
desesperada de provas que não existem. E de fatos que as autoridades tiveram
notícia desde o ano de 2014. Não existe nem nova e nem fase na Acrônimo. O
único fato verdadeiro é que a operação agoniza lentamente, diante das inúmeras
ilegalidades e abusos praticados desde o seu início. Ainda estamos aguardando o
pronunciamento da Justiça sobre isso], disse Eugênio Pacelli.

A 8ª fase da Acrônimo foi realizada no dia 15 deste mês. Na
ocasião, a polícia se concentrou em duas linhas de investigação. A primeira se
referia à suspeita de cooptação (quando pessoas são atraídas de forma ilícita)
e pagamento de vantagens indevidas para fraudar licitações no Ministério da
Saúde, beneficiando uma gráfica pertencente a investigados.

A outra era a suspeita de interposição de uma empresa na
negociação de vantagens indevidas a agente público para conseguir financiamento
de projetos no exterior pelo BNDES em Angola, Cuba, Panamá, Gana e México e
República Dominicana. Segundo a polícia, uma empreiteira brasileira foi a
grande beneficiada.

Histórico

Em maio de 2015, quando deu início à Operação Acrônimo, a PF
buscava a origem de mais de R$ 110 mil encontrados em um avião no aeroporto de
Brasília, em outubro do ano passado. A aeronave transportava o empresário Bené,
apontado como suposto operador do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel
(PT).

Bené já foi preso em outra fase da Operação Acrônimo, mas
liberado após pagar fiança. Ele se tornou delator da Acrônimo. Também na 1ª
fase da Acrônimo, a PF fez buscas no apartamento da mulher de Pimentel, a
jornalista Carolina de Oliveira, em Brasília. Na época, o governador
classificou a ação como um [equívoco].

[Ocorre que o mandado de busca e apreensão foi expedido com
base numa alegação, numa definição inverídica, absolutamente inverídica], disse
o governador na ocasião. Dois dias depois, o advogado de Carolina de Oliveira,
Pierpaolo Bottini, entregou à Justiça Federal em Brasília documentos que
comprovariam a inocência da primeira-dama mineira.

A segunda etapa da operação cumpriu mandados de busca e
apreensão em Brasília, Belo Horizonte, Uberlândia, Rio de Janeiro e São Paulo
em junho de 2015. Em Belo Horizonte, os agentes apreenderam material em um
escritório onde funcionou o comitê campanha de Pimentel em 2014, no bairro da
Serra. Em Brasília, um dos mandados foi cumprido em uma agência de publicidade.

À época, a assessoria de imprensa do governo de Minas Gerais
disse que as ações da PF foram [abusivas].

Na terceira etapa da Acrônimo, deflagrada em outubro,
policiais federais cumpriram 40 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais,
em São Paulo e no Distrito Federal.

À época, foi cumprido mandado na casa do diretor-presidente
da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Mauro Borges, ex-ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com atuação entre fevereiro e
dezembro de 2014, quando assumiu o cargo deixado por Pimentel.

A sétima fase ocorreu no dia 13 deste mês. O empresário
Felipe Torres Amaral foi alvo de condução coercitiva. Segundo a Procuradoria
Geral da República, ele seria sobrinho do governador de Minas Gerais, Fernando
Pimentel (PT).

A defesa do governador diz que Felipe é sobrinho da
ex-mulher de Pimentel. No entanto, o advogado de Felipe Torres Amaral diz que o
empresário é filho de uma prima da ex-mulher do governador e que [jamais manteve
qualquer tipo de sociedade] com Pimentel.

No dia 15 foi realiza da oitava fase da Acrônimo. Na data, o
advogado de Pimentel, Eugênio Pacelli, disse que como o processo sobre o caso
tramita em primeira instância, não há e não pode haver nada que afete o
governador, que tem foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Pacelli questiona o lançamento de uma nova fase da operação
é retomada quando a Justiça está para analisar o caso. [Por que só agora, às vésperas
da retomada do julgamento de questão de ordem no STJ, a [nova fase] foi
deflagrada?], indagou, por e-mail.

(Ana Paula Andreolla e Pedro Ângelo-Da TV Globo, em
Brasília, e do G1 MG)

(Foto: Pedro Ângelo/G1)