Costuma-se dizer que ir a Feira de Santana, a 109 km da
capital, é mais rápido do que cruzar Salvador nos horários de pico. Com o
passar dos anos, a realidade mudou. Agora, chegar a Feira saindo da capital
leva quase o dobro do tempo gasto no mesmo trajeto três anos atrás. Os vilões
são acidentes, protestos e obras na BR-324, que geram congestionamentos.
Por dois dias, quarta e quinta-feira passadas, A TARDE
gastou 1h40 e 1h30, respectivamente, ao longo da rodovia. Não há dados oficiais
que comprovem a duração do trajeto, porém motoristas acostumados a passar pelo
trecho alegam que antes a viagem durava uma hora.
A equipe saiu de Salvador por volta das 7h, quando o
fluxo de veículos é mais intenso na maioria das metrópoles brasileiras. As
regiões mais travadas são as que cortam o perímetro urbano, entre São Gonçalo
do Retiro e Águas Claras.
O ponto de partida rumo a Feira de Santana começou pelo
Acesso Norte, na altura da estação de metrô. Ali ainda é possível conduzir o
veículo a 80 km/h (limite de velocidade nesse trecho da rodovia) com o trânsito
fluindo livremente.
A partir de São Gonçalo do Retiro, a velocidade do
veículo é reduzida à metade, por conta do gargalo na rotatória da Estação
Pirajá, e também por causa do engarrafamento na via marginal à BR-324, rumo à
Brasilgás e aos bairros de Pau da Lima e Pirajá.
Águas Claras
Mais à frente, o principal entrave está no viaduto que
leva ao bairro de Águas Claras e à BA-528, rumo ao subúrbio. No trecho, o
primeiro problema é a redução de três para duas faixas de rolamento na BR-324,
logo após o viaduto.
O segundo ponto é a longa fila que se forma na alça de
retorno do viaduto, devido aos veículos que seguem para Águas Claras, enquanto
aguardam uma brecha no trânsito para convergir à esquerda na BA-528.
“Esse trecho não tem jeito. Nem mesmo com a
presença da Transalvador, que tenta ordenar o tráfego de manhã e à noite, os
dois piores horários”, diz o administrador Gustavo Ribeiro, 39 anos.
Morador de Cajazeira VI, ele usa a via diariamente para voltar do trabalho,
localizado na avenida San Martin. “Pior que eu não tenho outro
roteiro”, lamenta.
Obras na pista
Além dos congestionamentos no trecho urbano, obras de
melhorias na BR-324 retardam a viagem de alguns motoristas, como o consultor de
vendas Cláudio Silva, 44 anos, que mora em Feira.
Atualmente, cinco intervenções estão sendo realizadas
pela ViaBahia, concessionária que administra a rodovia desde 2009. As obras
temporárias são para o alargamento dos vãos sobre cinco pontes, entre os
quilômetros 576 e 553, até pouco antes do pedágio de Amélia Rodrigues.
“Eu fazia a viagem em menos de uma hora.
Atualmente, levo até três horas para chegar em casa”, diz o consultor.
Assim como ele, o motorista José Carlos, 43, reclama do congestionamento na
entrada de Terra Nova. “Imagine quando chegar o São João. Como é que vai
ser?”, indaga. (A TARDE)