O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva se
considera vítima de [uma verdadeira caçada judicial]. Em artigo que ele assina, publicado nesta terça-feira, 18, no jornal Folha de S.Paulo, o petista alega
que em 40 anos de atuação pública, seus adversários e a imprensa [jamais
encontraram um ato desonesto] de sua parte. E às vésperas de completar 71 anos
(no dia 27 de outubro), diz ver o seu nome [no centro de uma verdadeira caçada
judicial]. Na segunda-feira, 17, manifestantes em defesa do ex-presidente
fizeram vigília em frente à casa dele, em São Bernardo, após informação
circulada nas redes sociais sobre suposta prisão de Lula.
Sem citar o juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações da
Operação Lava Jato, Lula cita que devastaram suas contas pessoais, as de sua
esposa e filhos, grampearam seus telefonemas, invadiram sua casa e o conduziram
à força para depor, sem motivo razoável ou base legal. [Estão à procura de um crime
para me acusar, mas não encontraram e nem vão encontrar], destaca no artigo.
O ex-presidente diz que [essa caçada] começou na campanha
presidencial de 2014 e, mesmo assim, não desistiu de continuar percorrendo o
País e nem desistiu da luta por igualdade e justiça social. Ele cita conquistas
das gestões petistas, como o Bolsa Família, o Luz para Todos, o Minha Casa
Minha Vida e o acesso de jovens pobres e negros ao ensino superior. O
ex-presidente argumenta que não pode se calar diante [dos abusos cometidos
pelos agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição
política]. Para o petista, [episódios espetaculosos], como as prisões de seus
ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega (solto horas depois da detenção),
interferiram no resultado das eleições municipais do primeiro turno.
Em sua defesa, Lula afirma que jamais praticou, autorizou ou
se beneficiou de atos ilícitos na Petrobras ou em qualquer outro setor do
governo. E critica a classificação, segundo ele martelada pela mídia, de que o
Partido dos Trabalhadores é uma organização criminosa. E informa que em dois
anos de investigações, não foi encontrado [nenhum centavo não declarado] em
suas contas, nenhuma empresa de fachada e nenhuma conta secreta. [Moro há 20
anos no mesmo apartamento em São Bernardo], emendou.
No artigo, o petista alega que [há uma perigosa ignorância]
dos agentes da lei quanto ao funcionamento do governo e das instituições, como
o Parlamento. E destaca que causa indignação e surpreende [a leviandade, a
desproporção e a falta de base legal das denúncias]. [Não mais se importam com
fatos, provas, normas do processo. Denunciam e processam por mera convicção.] E
reitera que não pode ser acusado de corrupção, já que não é mais agente público
desde 2011.
Lula afirma ainda que seus acusadores sabem que ele não
roubou, não foi corrompido nem tentou obstruir a Justiça. [Mas não podem
admitir, não podem recuar depois do massacre que promoveram na mídia]. E
continua: [Tornaram-se prisioneiros das mentiras que criaram, na maioria das
vezes a partir de reportagens facciosas e mal apuradas. Estão condenados a
condenar e devem avaliar que, se não me prenderem, serão eles os desmoralizados
perante a opinião pública.] Segundo ele, [não é o Lula que pretendem condenar],
mas sim o projeto político que representa junto com milhões de brasileiros e a
democracia brasileira.
No final do artigo, o ex-presidente diz que ele e o PT
apoiam as investigações, o julgamento e a punição de quem desvia dinheiro
público, reiterando que ninguém atuou tanto quanto os governos petistas para
criar mecanismos de controle de verbas públicas, transparência e investigação.
E cita ter a consciência tranquila e o reconhecimento do povo. [Confio que cedo
ou tarde a Justiça e a verdade prevalecerão, nem que seja nos livros de
história], diz Lula, argumentando que o que mais lhe preocupa no momento [são
as contínuas violações ao Estado de Direito], como a [sombra do estado de
exceção que vem se erguendo sobre o País.]
Diário do Poder
Foto: WILLIAM VOLCOV-AE