O presidente da República, Michel Temer, assinou nesta
segunda-feira (7), em evento no Palácio do Planalto, um termo aditivo que
autoriza a migração de 240 rádios AM para a faixa FM.
A medida atende a uma demanda antiga dos empresários e entidades
ligadas ao setor de rádio, principalmente de emissoras do interior. Segundo o
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a faixa FM tem
vantagens em relação à AM, entre as quais melhor qualidade de áudio, redução de
custos de operação e manutenção e integração com aparelhos digitais, como
tablets e celulares.
A migração das rádios AM para FM foi deflagrada por meio de
um decreto assinado, em 2013, pela ex-presidente Dilma Rousseff. De acordo com
o governo federal, 1.386 das 1.781 estações AM existentes no país já aderiram à
migração, equivalente a 77 das emissoras que atuam nesta frequência.
Agora, as emissoras que assinaram o termo devem apresentar
um projeto técnico de instalação das novas frequências e solicitar à Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) uma permissão de uso. Para migrar à faixa
FM, as rádios AM vão ter que trocar seus sistemas de transmissão de sinal, que
inclui transmissores, antenas e equipamentos auxiliares.
Ainda de acordo com o ministério, os custos da mudança de
faixa serão arcados pelas próprias emissoras. O governo informou que a migração
para a frequência FM varia de R$ 8,4 mil a R$ 4,4 milhões. O valor varia, entre
outros fatores, do alcance da rádio.
Após assinar o termo aditivo, Michel Temer fez um breve
discurso, no qual disse que as pequenas emissoras locais de rádio ainda são
extremamente relevantes para a divulgação de informações. Neste momento do
discurso, ele lembrou de sua infância em Tietê (SP).
[Sei, por ser do interior, da relevância que tem uma
emissora local para os municípios. Quando eu era menino, eu ouvia as grandes
emissoras, mas, evidentemente, também a rádio local. Ela era que mais me
informava ao longo do dia. Nós todos tínhamos uma extraordinária sedução pelas
informações que vinham pelas emissoras locais], contou.
O ato que oficializou a migração de 240 emissoras AM para a
faixa FM foi realizado nesta segunda, dia em que é celebrado o Dia do
Radialista.
Entre os convidados da solenidade estavam o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e
Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) o presidente da
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) e vice-presidente de
Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet, e o cardeal e arcebispo de
Aparecida, Dom Raimundo Damasceno.
Em meio à cerimônia, o cardeal brasileiro foi convidado por
Kassab a subir ao púlpito para dar uma bênção às autoridades e aos convidados
presentes no palácio.
Confiança para
investimentos
Ao discursar no evento, Kassab afirmou que a migração das
emissoras AM para FM deve gerar confiança para os empresários do setor
investirem, o que, consequentemente, irá gerar mais empregos. Segundo o
ministro, cerca de 25 milhões de brasileiros serão beneficiados com a medida.
[A população atendida nesse ato é de, aproximadamente, 25
milhões de pessoas. Vão receber um serviço de radiodifusão de melhor qualidade],
destacou Kassab.
A troca dos equipamentos é necessária porque as rádios AM
funcionam em uma frequência de 525 KHz, no início do espectro, enquanto as
rádios FM operam em 88 MHz.
As ondas de rádio emitidas pelos transmissores AM são
consideradas de tamanho médio, com alcance maior que os de FM, que têm ondas
curtas. Portanto, a diferença técnica entre uma e outra está na propagação
dessas ondas.
Frequências como as da rádio AM estão mais sujeitas a
sofrerem interferência de equipamentos e sons, como eletrodomésticos, fábricas,
linhas de transmissão e até o barulho produzido por veículos. Por isso o sinal
dessas emissoras tem uma qualidade inferior à das FM. (Luciana Amaral e
Bernardo Caram – Do G1, em Brasília)
(Foto: Marcos Corrêa / Presidência)