LULA DESAFIA A PF, A IMPRENSA, O MPF E SÉRGIO MORO DURANTE DISCURSO

Nervoso com a iminente publicação de reportagem da revista IstoÉ
mostrando que o empreiteiro Marcelo Odebrecht revelou, em delação premiada, que
pagou propina a ele em dinheiro vivo, o ex-presidente Lula fez um discurso duro
contra a imprensa, delegados da Polícia Federal, procuradores do Ministério
Público e o juiz Sérgio Moro.

Réu em três ações penais por corrupção, organização
criminosa, tráfico de infuência, obstrução da Justiça etc, ele desafiou seus
acusadores a apresentarem provas. O desafio foi feito durante um ato, na noite
desta quinta-feira, em que recebeu o apoio de políticos, intelectuais e
artistas. Lula ainda fez críticas ao governo de Michel Temer (PMDB), em
especial à proposta de congelar, em termos reais, os gastos da União.

[Tenho preocupação quando eu vejo um pacto quase que
diabólico entre mídia, a Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz que
está apurando todo esse processo. (…) A menor preocupação é com a verdade],
disse Lula, durante um discurso que durou mais de meia hora e em que esteve
acompanhado da esposa, Marisa Letícia.

Em sua fala, o ex-presidente voltou a dizer que não aceita a
ideia de que convicções valham como provas. [Se eu disser a eles a convicção que
tenho deles, vai ficar ruim.] Ao atacar a Polícia Federal, disse que a
instituição não poderia permitir que delegados [comprometidos ideologicamente e
politicamente com determinados partidos] façam falsas acusações. [Eu não tenho
que provar minha inocência, eles é que têm que provar a inocência deles na
acusação que fizeram], afirmou Lula.

Embora tenha agradecido aos organizadores e às pessoas que
assinaram um manifesto em sua defesa, o ex-presidente disse que não se sentia
[confortável] em participar do ato, mas, sim, que preferiria participar de um
manifesto de acusação da força-tarefa da Lava Jato. Segundo ele, a operação mente
para a sociedade brasileira. Lula acusou ainda os meios de comunicação de
mentir [descaradamente] e de forma perversa.

Aos 71 anos de idade, Lula afirmou estar disposto a se
colocar à disposição dos acusadores, mas pede que apresentem uma prova concreta.
[Não cometi nenhum crime antes, durante e depois de ser presidente da
República.]

No fim de seu discurso, num dos momentos em que foi mais
aplaudido, Lula também fez criticas ao regime fiscal proposto pelo governo
Temer, que pretende limitar gastos públicos com a PEC 241.

[As universidades que conquistamos, eles estão tentando
diminuir o orçamento que nós triplicamos. (…) Gaste com a língua de vocês,
mas não com a educação desse País, que é o mais importante investimento. Cortar
dinheiro da educação é tirar um sonho de que o povo pobre possa ter acesso à
alta complexidade das máquinas], afirmou. (Diário do Poder)

(FOTO: LULA MARQUES/ ARQUIVO)