GAROTINHO SE DESESPERA AO SER LEVADO DE HOSPITAL PARA BANGU

O ex-governador do Rio de Janeiro reagiu, debatendo-se no
momento em que era retirado de maca do hospital para ser colocado em uma
ambulância, a fim de ser cumprida a determinação do juiz Glaucenir Silva de
Oliveira, da 100º Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, em Campos dos Goytacazes
(norte fluminense). A ordem era para que ele fosse imediatamente transferido do
Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, para o presídio Frederico
Marques, no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste). Às 21h45 um oficial
de justiça e policiais federais estavam no Hospital Souza Aguiar para iniciar a
transferência de Garotinho, segundo o advogado dele, Fernando Fernandes.

Enquanto era imobilizado à força por vários policiais
federais, a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), sua filha, gritava pedindo
para que os policiais não o sufocassem, porque ele estava passando mal, e dizia
querer ir com ele na ambulância. Clarissa gritou, chorando, quando
ex-governador tentou se levantar da maca, mas um dos policiais empurrou-lhe
pelo pescoço, para forçar que continuasse deitado.

O juiz eleitoral, que na quarta-feira havia determinado a
prisão de Garotinho sob acusação de comprar votos, escreveu na decisão desta
quinta que tomou conhecimento de que o ex-governador [está recebendo diversas
regalias no Hospital Souza Aguiar]. Garotinho foi transferido para a unidade de
saúde às 18h15 de quarta-feira após reclamar de crise hipertensiva enquanto
aguardava, na sede da Polícia Federal (PF) no Rio, transferência para a PF em
Campos.

[Nenhum preso tem direito a qualquer regalia ou tratamento
diferenciado, seja em unidade prisional ou hospitalar, situação que a par de
ferir a isonomia constitucional constitui, em tese, crime para quem presta a
referida regalia. Mostra-se imperioso fazer cessar quaisquer regalias que o réu
possa estar recebendo], escreveu o juiz na decisão desta quinta.

Ao determinar a transferência para Bangu, Oliveira afirma
que [o referido complexo penitenciário é provido de uma Unidade de Pronto
Atendimento e, segundo foi informado pelo diretor do sistema penitenciário,
naquela unidade prisional é possível realizar o tratamento adequado]. No
presídio Frederico Marques, o ex-governador deve ser submetido à
dessensibilização, procedimento preparatório para outro exame, que será feito
em um hospital público em data a ser agendada.

[Realizada a dessensibilização, o custodiado deve ser
encaminhado ao Hospital Aloysio de Castro para que lá seja internado com
objetivo de realizar o exame descrito. Com o resultado do exame, poderá ser
proferida nova decisão decidindo o local onde o réu ficará custodiado],
determinou o juiz. Aloysio de Castro é o nome oficial do Instituto Estadual de
Cardiologia, situado no Humaitá (zona sul do Rio).

O advogado de Garotinho criticou o juiz pela ordem de
transferência, feita, segundo ele, sem autorização dos médicos: [É lastimável
um juiz ultrapassar protocolos médicos e usar a força para retirar um paciente
de um hospital. Jamais se viu decisão tão prepotente, arbitrária e desumana],
afirmou.

Garotinho foi preso às 10h30 de quarta-feira por policiais
federais em um apartamento na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo (zona sul do
Rio). A prisão preventiva (sem data para terminar) foi parte da Operação
Chequinho, que investiga o uso do programa Cheque Cidadão, do município de
Campos, para obter apoio eleitoral. Garotinho é secretário de Governo de
Campos, cidade governada pela mulher dele, a ex-governadora Rosinha Garotinho,
também do PR. Antes da eleição de 2016, quase 20 mil moradores da cidade teriam
ganho irregularmente o benefício, em troca de votos. Enquanto esperava a
transferência para Campos, onde ficaria detido na sede da Polícia Federal,
Garotinho afirmou estar com crise hipertensiva e acabou transferido para o
Souza Aguiar. (Diário do Poder)

Foto: Divulgação