Homenagear uma instituição é sobretudo homenagear as pessoas
que fizeram e fazem parte de sua história. Foi isso que fez a deputada Fabíola
Mansur (PSB) na sessão especial, realizada na manhã de ontem (23) na Assembleia
Legislativa da Bahia, que marcou a passagem dos 101 anos do Laboratório Central de Saúde Pública
Professor Gonçalo Moniz, o Lacen-Ba.
Durante toda sessão,
proposta pela socialista, os discursos foram intercalados com homenagens
a farmacêuticos e outros profissionais que fizeram a história do Lacen. Os
ex-diretores foram lembrados e o
fundador, professor Gonçalo Moniz, foi representado pela neta, a jornalista e
atriz Maria de Conceição Moniz, que aos 81 anos recebeu flores das mãos da
parlamentar.
O evento foi acompanhado pelo secretário e subsecretário de
Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas e Roberto Badaró, respectivamente. Além deles,
estiveram presentes na Assembleia Legislativa na manhã de ontem a atual
diretora do Lacen, Zuinara Pereira Gusmão Maia, a superintendente de Vigilância
e Proteção da Saúde da Bahia, Ita de Cácia Aguiar Cunha e dezenas de
funcionários que ajudam a fazer do Lacen referência de laboratório no Brasil.
Em seu discurso que abriu a sessão, Fabíola Mansur explicou
que o Lacen é uma unidade de vigilância laboratorial, que compreende um
conjunto de ações transversais aos demais sistemas de vigilância em saúde.
Segundo ela, há 101 anos essas ações propiciam o conhecimento e investigação de
agravos e verificação da qualidade de produtos de interesse de saúde pública,
através de estudos e muita pesquisa.
[O Lacen está mais presente no nosso dia a dia do que
imaginamos], lembrou a deputada, em sua fala. [Sabe o acarajé que adoramos? O
Lacen já realizou análises para saber a qualidade dele e, sempre que provocados
pela vigilância sanitária, eles realizam essas análises, seja de alimentos, medicamentos,
cosméticos, da água], exemplificou.
De acordo com Fabíola, o Lacen realiza exames de zika,
dengue, chikungunya, rubéola, toxoplasmose, sarampo, febre amarela e tantas
outras doenças. Além disso, é o laboratório oficial para confirmação de casos
de meningite e monitoramento dos pacientes com HIV.
A diretora Zuinara Pereira Gusmão Maia, também apresentou
números que mostram a importância do laboratório. [Além de ser uma unidade de
referência para exames de média e alta complexidade, cuja produção anual já
superou a marca de 1,5 milhão de análises por ano, o Lacen concebeu e coordena
a Rede Estadual de Laboratórios de Saúde Pública (Relsp)], afirmou. Segundo
Zuinara, atualmente esta rede é composta por uma unidade central (o próprio
Lacen) e 12 unidades descentralizadas, sendo 11 laboratórios municipais de
referência regional.
[A constituição dessa rede ancora-se nos princípios
organizativos do SUS de descentralização e regionalização, com vistas a
organizar na Bahia serviços de saúde nos diferentes níveis de complexidade, de
modo a proporcionar ganhos de escala e escopo e garantir a todo o cidadão a
universilidade do acesso e a integralidade da atenção à saúde, sendo esta
portanto a nossa missão], explicou ela.
Para o secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, o Lacen se
mostra cada vez mais importante com o surgimento de novas doenças ou o
ressurgimento de doenças que estavam desaparecidas. [O fenômeno da globalização
ocasionou a troca muito rápida de cargas e pessoas de um país para outro, o que
facilita muito a disseminação de novas doenças], explicou o secretário,
acrescentando: [Por isso, é fundamental que essas ações sejam apoiadas pelo
governo].
Já o subsecretário Roberto Badaró lembrou que a Bahia é um
dos estados mais preparados para o controle de doença por causa da existência
do Laboratório Central de Saúde Pública
Professor Gonçalo Moniz. Como exemplo, ele citou que no estado não houve
nenhuma morte pela síndrome Paralisante de Guillain Barré, causado pelo vírus
da Zika e chikungunya, enquanto no resto país houve 46 mortes. [Esse
laboratório tem importância estratégica para saúde do estado], afirmou.
A superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde da
Bahia, Ita de Cácia Aguiar Cunha, reforçou a importância do Lacen para o estado
e parabenizou a atual equipe pela dedicação e compromisso com a saúde pública.
[De centro de pesquisas e estudos, no início, para centro de referência para
diagnóstico de eventos de interesse para saúde pública, é notório que o Lacen
tem implementado nas últimas décadas mudanças significativas que proporcionaram
experiência cumulativa de aprendizado e desenvolvimento organizacional].
O criador do laboratório também foi lembrado na sessão.
Grande expressão da medicina baiana, Gonçalo Moniz Sodré de Aragão foi nomeado,
em 1899, para montar e dirigir o Gabinete de Análise e Pesquisas
Bacterilógicas, voltado para a verificação de obtidos e controle das doenças
infecto-contagiosas de caráter epidêmico, que deu origem ao Lacen-Ba.
Texto e foto: Agencia Alba