A forte desaceleração da inflação oficial, divulgada nesta
quarta-feira (11), fortalece a aposta dos economistas de que o Comitê de
Política Monetária (Copom) vai acelerar o ritmo de redução da taxa básica de
juros (Selic). Depois de duas reduções de 0,25 ponto, o grupo se reúne nesta
tarde, quando deverá anunciar mais um corte. Hoje, os juros estão em 13,75 ao
ano.
Rogério Mori, professor da Escola de Economia de São Paulo
da Fundação Getulio Vargas (FGV), considera que a taxa Selic deverá cair nesta
quarta-feira e seguir ritmo ao longo do ano. Em 2016, a inflação fechou em
6,29, abaixo do teto de metas em vigor no país. A estimativa mais recente dos
economistas dizia que o IPCA chegaria no final do ano a 6,35.
[A queda deve ficar em meio ponto percentual, o que levará a
taxa Selic para 13,25 ao ano. Essa queda se alinha, de um lado, com a
convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5, e, por outro, com o
debilitado ritmo da atividade econômica brasileira. Nesse sentido, a queda
recente da inflação abriu espaço para cortes na taxa de juros por parte do
Banco Central, o que estimulará a demanda e a produção no médio prazo], diz.
Segundo ele, se o comportamento da inflação for mesmo de
queda e se a economia brasileira continuar debilitada, pode haver cortes mais
agressivos na taxa básica de juros. [Há ainda o cenário externo, não sabemos
como será a economia americana com Donald Trump], diz. Segundo Mori, o mercado
trabalha com taxa de juros de 10,5 até o final de 2017.
Apesar da queda nos juros, Mori recomenda cautela para os
consumidores. [O ritmo da atividade econômica brasileira segue fraco e a
tendência do desemprego é de elevação no primeiro trimestre do ano. Nesse
sentido, não é recomendável que novas dívidas sejam assumidas nesse cenário. Ao
mesmo tempo, a queda da Selic traz algum alívio marginal para quem está
endividado, uma vez que as taxas de juros devem registrar algum recuo. De
qualquer forma, o quadro atual inspira conservadorismo em termos de gastos e de
dívidas].
Para o professor de finanças da Fundação Instituto de
Administração (FIA), Alexandre Cabral, o [problema] da inflação está bem
encaminhado, o que deverá pressionar o Copom a baixar mais os juros.
[Estamos com juros reais (descontada a inflação) na casa de
8, que é considerado um valor muito alto para qualquer economia], afirma.
Em novembro de 2016, Copom fez segundo corte seguido na taxa
Selic. (Por Anay Cury, Marta Cavallini e Laís Lis -G.1)
(Foto: Arte/G1)