O juiz Raffaele Felice Pirro, da 1ª Vara Federal de Angra
dos Reis, RJ, decretou nesta segunda-feira (23) o sigilo das investigações
realizadas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal sobre a queda do
avião que levava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da
Operação Lava Jato, Teori Zavascki. A informação foi confirmada pela assessoria
de imprensa da Seção Judiciária do Rio de Janeiro.
O inquérito aberto está sob responsabilidade do delegado
chefe da PF em Angra, Adriano Antonio Soares. Um outro inquérito para apurar as
causas do acidente também foi aberto pelo MPF. Essa investigação foi iniciada
pela procuradora da República Cristina Nascimento de Melo.
Na sexta-feira (20), o MPF solicitou à Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac) possíveis gravações de conversas do piloto. Não há torre
de controle no aeroporto em que a aeronave pousaria, mas é possível que ele
tenha feito contato com outras aeronaves momentos antes da queda. A Força Aérea
Brasileira (FAB) confirmou que o avião tinha um gravador de voz.
Também foram requisitados documentos relativos à manutenção
da aeronave. Provas testemunhais no local do acidente também estão sendo
recolhidas em uma ação conjunta com a Polícia Federal. A Anac adiantou que a
documentação da aeronave estava regular. O certificado era válido até abril de
2022, e inspeção da manutenção (anual) estava válida até abril de 2017.
Caixa-preta
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Aeronáutica, disse nesta segunda que a
caixa-preta do avião tem danos. A Força Aérea Brasileira (FAB), no entanto,
ressaltou que a caixa-preta é dividida em duas partes, e a que contém o
gravador de voz é [altamente protegida].
[Ainda de acordo com a FAB, é a parte chamada de base] – que
contém cabos e circuitos que fazem a ligação com os dados armazenados ? que foi
danificada no contato com a água do mar.
A aeronave caiu no mar quando chegava a Paraty (RJ). Todas
as cinco pessoas a bordo morreram. A caixa-preta, que contém o gravador de voz,
está em Brasília desde o último sábado (21). Como ficou debaixo da água, o
aparelho deve passar, num primeiro momento, por uma espécie de forno, para ser
seco.
Depois, o Cenipa começa a fazer a degravação das conversas
do piloto durante o voo. A Aeronáutica não informou, até a última atualização
desta reportagem, se já identificou algum registro de voz no gravador ou se o
contato com a água do mar danificou os registros.
A intenção do Cenipa é tentar descobrir o que o piloto falou
com a torre, com outras aeronaves e na cabine. O equipamento pode ser
fundamental para esclarecer o que provocou a queda do avião.
Os destroços da aeronave, que foram içados do mar, serão
levados para o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Aeroporto Galeão) no Rio de
Janeiro, onde vão passar por uma perícia, feita pela Aeronáutica. (G.1-RJ)
Foto: G1