Os acordos de delação premiada da Odebrecht devem revelar
casos de corrupção em vários estados do país, afirmou o coordenador da
força-tarefa da Operação Lava Jato, o procurador federal Deltan Dallagnol, em
entrevista ao UOL. [É natural que aconteça um desdobramento da Lava Jato com
[filhotes] da operação por todo o país], disse. Ele explicou que decisões do
Supremo Tribunal Federal (STF) geraram desdobramentos em São Paulo, no Rio e
outras operações. [O STF, em dois precedentes, entendeu que fatos que não
estejam relacionados a algo próximo à Petrobras não devem tramitar em Curitiba,
mas em seus Estados], disse. [Há acordos de colaboração premiada que estão
sendo objeto de decisão o STF], indicou. O procurador afirmou que a Operação
está num [movimento de expansão], com novos fatos vindo à tona, em decorrência
de acordo de colaboração com indivíduos e de leniência com empresas. [Uma das
áreas para qual a Lava Jato tende a se expandir é o marketing da Petrobras],
afirmou durante a entrevista concedida na semana passada. [Outra área que
estamos estudando é a das instituições financeiras. Não exatamente porque não
existe um controle, mas porque várias delas violaram regras para praticar atos
que acabaram favorecendo a realização de crimes graves contra a sociedade],
acrescentou. Dallagnol minimizou críticas de que a Lava Jato teria efeito
negativo para a economia, ao ressaltar que o fator prejudicial é a corrupção. [Vários
dos problemas que surgiram em decorrência da Lava Jato não estão ligados à
atuação do Estado, mas sim às práticas dos crimes pelas pessoas que os
cometeram anos atrás. Vemos ainda que corrupção e ineficiência econômica estão
muitas vezes relacionadas], disse. Na entrevista, também evitou [polemizar]
declarações de que haveria interesses estrangeiros e partidaristas na Operação.
Ele não comentou [casos específicos], como um possível pedido de prisão do
ex-presidente Lula, nem sobre afastamento da PF das delações da Lava Jato. [Existe
essa crítica de que a Lava Jato é partidária porque atingiria só membros do PP,
PT e PMDB. Mas existe uma razão para que isso tenha ocorrido. Essa razão é a
forma como os crimes se desenvolveram], afirmou. Dallagnol ressaltou que a
investigação se debruçou por um largo momento sobre os crimes praticados na
Petrobras e quem estava à frente da estatal eram pessoas indicadas pelo
“partido no poder”. [A investigação continua evoluindo e é possível e
até provável que as outras frentes que estão se desenvolvendo revelem crimes
praticados por uma série de outros partidos que até então não estavam
implicados], disse. [Se o STF decidir que esses casos devam ser investigados
aqui em Curitiba, o tratamento que vamos dar será idêntico ao dado aos outros
casos], acrescentou. Sobre as dez medidas contra corrupção propostas pelo MPF e
rejeitadas no Congresso Nacional, Dallagnol disse que, caso voltem à Câmara,
acredita-se [que as medidas poderão ser reavaliadas com mais calma e
profundidade. Sobretudo considerando que quando elas tramitaram na comissão
especial, elas foram aprovadas na sua maior parte]. (Estadão)
Foto: EBC