LEVIATÃ INVESTIGA 5 SENADORES POR CORRUPÇÃO, LAVAGEM E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Os senadores Edison Lobão (MA), Renan Calheiros (AL), Jáder
Barbalho (PA), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO), todos do PMDB, são
investigados no inquérito que resultou na Operação Leviatã, da Polícia Federal,
que cumpriu seis mandados de busca e apreensão em endereços de Márcio Lobão,
filho do ex-ministro de Minas e Energia dos governos Lula e Dilma e atual
presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e o ex-senador Luiz
Otávio Campos, apadrinhado político e amigo pessoal de Barbalho e Calheiros.
Todos são investigados por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa.

A nova fase da Lava Jato determinada pelo ministro Edson
Fachin, do Supremo Tribunal Federal. A investigação apura corrupção nas obras
da usina hidrelétrica de Belo Monte. Batizada de Leviatã, em alusão ao livro do
filósofo Thomas Hobbes, a operação investiga pagamento de propina de 1 sobre o
valor dos contratos assinados pelas obras de Belo Monte a partidos políticos
envolvidos na liberação do projeto da hidrelétrica. A suspeita é de que as
empresas que integram o consórcio responsável pela obra fizeram o pagamento.

A investigação teve início com a delação premiada do senador
cassado Delcídio Amaral. Em seu acordo, Delcídio afirmou que 1 do valor do
contrato da usina de Belo Monte ficou com o PMDB. Na colaboração, ele citou
repasses também para o PT, mas a operação de ontem se concentrou em nomes
ligados ao PMDB. A investigação sobre os petistas tramita na Justiça Federal no
Paraná.

Apesar de ser o novo relator da Lava Jato no STF desde a
morte de Teori Zavascki, Fachin já era o responsável pela relatoria das
investigações sobre Belo Monte – que ficaram desmembradas na Corte das demais
apurações que envolviam o esquema na Petrobrás.

Segundo Delcídio, Jader e Lobão exerciam influência sobre
várias estatais e grandes obras, entre elas, a usina no Rio Xingu, no Pará.
Márcio e Luiz Otávio, por sua vez, foram citados na delação do ex-executivo da
Andrade Gutierrez Flávio Barra como destinatários de pagamentos realizados pela
empreiteira pelas obras de Belo Monte e também pela usina de Angra 3.

Conforme relator do ex-diretor da Andrade Gutierrez,
integrante do consórcio construtor de Belo Monte, entre R$ 4 milhões e R$ 5
milhões foram repassados ao senador Edison Lobão pelas obras de Angra 3 e R$
600 mil da usina hidrelétrica. De acordo com o delator, o valor relacionado a
Belo Monte foi entregue, em espécie, na casa de Márcio Lobão.

O filho do ex-ministro de Minas e Energia nos governos de
Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff também foi citado pelo
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em acordo de delação premiada,
Machado disse que os valores destinados a Edison Lobão eram entregues em um
escritório no Rio indicado por Márcio.

Quadros

Na busca e apreensão na residência de Márcio Lobão no Rio, a
Polícia Federal apreendeu cerca de 1,2 mil quadros. O filho de Lobão é
presidente da Brasilcap, braço de planos de capitalização do Banco do Brasil,
há 10 anos. Sua mulher, Marta Martins Fadel, chegou a ser lotada no gabinete de
Lobão no Senado, entre 2001 e 2003. Ela é filha do advogado Sergio Fadel, um
dos maiores colecionadores de arte do País.

Durante as buscas os agentes não levaram os quadros, mas
catalogaram peça por peça. Eles também acharam dinheiro em espécie na
residência e no escritório de Márcio, num total de R$ 40 mil em várias moedas.
Na residência do ex-senador do PMDB Luiz Otávio Campos, policiais federais
encontraram R$ 135 mil em espécie. (Diário do Poder)

Foto: Divulgação (DP)