O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, pode não voltar ao
governo após a licença que pediu nesta semana para fazer uma cirurgia de
próstata, avaliam auxiliares próximos ao presidente Michel Temer.
Para eles, o depoimento do advogado José Yunes, amigo e
ex-assessor especial de Temer, confirmando o recebimento de um [pacote] do
doleiro Lucio Funaro (ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha, do PMDB) em nome de
Padilha pode ser o elemento que faltava para tirar o titular de cena em
definitivo.
Em depoimento à Operação Lava Jato, o ex-diretor de Relações
Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse que o escritório de Yunes
foi usado para repasse de dinheiro ao PMDB via Eliseu Padilha. Os pagamentos ao
PMDB haviam sido acertados em uma reunião no Palácio do Jaburu do qual
participaram Marcelo Odebrecht, Temer e Padilha, que ficou responsável por
receber e alocar R$ 4 milhões.
Os auxiliares de Temer apostam que a recuperação médica pode
ser a desculpa ideal para que Padilha não retorne ao posto e evite, desta
forma, que o próprio Temer tenha de afastá-lo, o que aumentaria o desgaste do
presidente com um entorno cada vez mais alvejado por denúncias.
Há uma semana, Temer definiu o que será a [nota de corte] de
ministros na Lava Jato: quem for denunciado está fora temporariamente; quem
virar réu, em definitivo.
Apesar de Padilha ainda não ser réu e nem ter sido
denunciado, ao menos quatro réus na Lava Jato colocaram o ministro da Casa
Civil como destinatário de R$ 4 milhões em caixa dois para a campanha de 2014:
Claudio Melo, lobista da Odebrecht, o próprio Bolonha Funaro, Marcelo Odebrecht
e, indiretamente, Eduardo Cunha. E agora José Yunes confirma ter sido [mula
involuntária] de Padilha. (Diário do Poder)
(FOTO: PEDRO FRANÇA/AG. SENADO)