O NOVO COLLOR

Mais uma vez, o prefeito João Dória Júnior procurou o
governador Geraldo  Alckmin para jurar
que não é candidato a presidente da República, em 2018. Mentira ou  precipitação?

Contam-se nos dedos de uma só mão as vezes em que, na
história da República, eram para valer as afirmações de presidentes da
República que, quando candidatos, desmentiam suas pretensões.

Traduzindo: João Dória Júnior só não disputará o palácio do
Planalto caso careça de popularidade, recursos e de um  partido que o apoie.

Quanto a concluir que dispõe de chances, é outra  conversa. Recente pesquisa revelou  ser o  
alcaide paulistano conhecido de 70 dos consultados, inclusive no
Nordeste.

O que parece respaldar as referências a João Dória Júnior é
o mesmo fenômeno que, guardadas as proporções, 
um dia alimentou a candidatura de Fernando Collor: a busca pelas elites
conservadoras de um novo nome capaz de derrotar adversários desgastados, de um
lado, e  de outro quem parecia disposto a
virar o país de cabeça para baixo sob acusações de implantar o socialismo e
sucedâneos.

Os desgastados de hoje são o próprio Alckmin, Aécio Neves,
José Serra, Ciro Gomes, Marina Silva e mais classificados como  ultrapassados políticos profissionais, à
maneira do que foram em 1989,  Aureliano
Chaves, Ulisses Guimarães, Mário Covas, Paulo Maluf, Leonel Brizola e outros.

A [perigosa ameaça ideológica] de agora,  em condições de revogar as  linhas conservadoras  e reacionárias,  é o mesmo: o Lula, que perdeu para Collor
mas,  anos depois, elegeu-se contra
Serra.

Dizem  que a História
só se repete como farsa, mas ressurge  o
vaticínio de Marx e de Lenin: a 
possibilidade  de o segundo turno
das eleições do ano que vem ferir-se entre João Dória Júnior e Lula.

Um, centralizando a esperança das elites financeiras e
da  parcela da classe média que se aferra
ao modelo neoliberal.  Outro,  disposto a mudar as diretrizes agora impostas
pelas reformas do governo Michel Temer. Claro que descontado o interregno em
que  o Lula e o PT  já ocuparam o poder, fator capaz de gerar
mudanças nas concepções   atuais do eleitorado.
Mas, de qualquer forma, a disputa poderá travar-se entre as duas forças
históricas e  conflitantes de sempre:
conservadores e reformistas. (Carlos Chagas-Diario do Poder)

Foto: Diario do Poder