EX-DIRETOR DIZ QUE LULA MANDOU VACCARI ARRECADAR PROPINA ANTES DE SER TESOUREIRO

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque afirmou
nesta sexta-feira, 5, em juízo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
determinou que João Vaccari atuasse cobrando propinas às empresas que prestavam
serviços à estatal antes mesmo de ele se tornar tesoureiro do PT. Segundo ele,
o presidente Lula era chamado por [chefe], [grande chefe].

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Duque disse que Vaccari
começou a arrecadar propinas ainda em 2007. [Ele não era tesoureiro, mas
começou a atuar na arrecadação], afirmou. Moro então quis saber o motivo. [Porque
o então presidente Lula determinou isso], respondeu.

Duque, que foi diretor de Serviços da Petrobras entre 2003 e
2012, disse que conheceu Vaccari naquele ano de 2007, por meio do então
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Naquele ano, segundo ele, foi chamado a Brasília e, na
ocasião, Bernardo teria dito: [Você vai conhecer uma pessoa indicada pelo… e
aí fazia este movimento (neste momento Duque passa os dedos pelo queixo, como
se cofiasse uma barba). Não citava o nome], disse. [O presidente Lula era
chamado por [chefe], [grande chefe ou este movimento com a mão].

O ex-diretor da Petrobras prossegue relatando o que Bernardo
teria dito a ele: [Você vai receber uma pessoa que está sendo indicada e ele
vai conversar com você. E ele vai ser agora quem vai atuar junto às empresas
que trabalham com a Petrobras. Foi quando eu conheci o Vaccari em 2007], disse.

Vaccari e Duque são réus da Lava Jato. O ex-tesoureiro foi
preso em abril de 2015. O ex-diretor da estatal em fevereiro de 2015. Ambos já
estão condenados por corrupção e lavagem de dinheiro.

Duque afirmou ainda que a diretoria de Serviços da Petrobras
era loteada ao PT, assim como a diretoria de Abastecimento era usada para
arrecadação do PP. Ele descreveu o esquema da seguinte forma: quando uma
empresa vencia uma licitação para um contrato acima de R$ 100 milhões era procurada
pelo tesoureiro do PT para pagar propina de cerca de 1 sobre o valor dos
contratos.

Questionado por Moro se ele era uma obrigação, Duque disse
que não, mas era uma situação que já estava institucionalizada, quando existia
um contrato, seja ele qual fosse, que corria numa licitação normal, o
tesoureiro do partido procurava a empresa pedindo contribuição. E a empresa
normalmente dava porque era uma coisa institucionalizada na companhia”,
disse.

Por se tratar de algo institucionalizado, segundo Duque, ele
disse que não chegou a conversar abertamente com dirigentes do PT sobre o
pagamento de propinas, mas afirmou que [todos] no partido sabiam do esquema. [Todos
sabiam. Todos do partido, desde o presidente do partido, tesoureiro,
secretário, deputados e senadores. Todos sabiam que isso ocorria], disse.

Outro lado

A advogada do ex-ministro Paulo Bernardo, Verônica Sterman,
afirmou que o depoimento de Renato Duque é [mentiroso]. Paulo Bernardo nunca
esteve com Renato Duque para tratar de qualquer assunto relacionado à
Petrobras.

Segundo o Instituto Lula, [o depoimento do ex-diretor da
Petrobras Renato Duque é mais uma tentativa de fabricar acusações ao
ex-presidente Lula nas negociações entre os procuradores da Lava Jato e réus
condenados, em troca de redução de pena. Como não conseguiram produzir nenhuma
prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de
investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos
acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos].

[O desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da
audiência em que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos.
A audiência de Lula foi adiada em uma semana sob o falso pretexto de garantir a
segurança pública. Na verdade como vinha alertando a defesa de Lula, o
adiamento serviu unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de
ex-diretores da OAS (Leo Pinheiro e Agenor Medeiros) e, agora, o de Renato
Duque.]

Ainda conforme o Instituto Lula, [os três depoentes, que
nunca haviam mencionado o ex-presidente Lula ao longo do processo, são pessoas
condenadas a penas de mais de 20 anos de prisão, encontrando-se objetivamente
coagidas a negociar benefícios penais. Estranhamente, veículos da imprensa e da
blogosfera vinham antecipando o suposto teor dos depoimentos, sempre com o
sentido de comprometer Lula].

[O que assistimos nos últimos dias foi mais uma etapa dessa
desesperada gincana, nos tribunais e na mídia, em busca de uma prova contra
Lula, prova que não existe na realidade e muito menos nos autos.] (Diário do
Poder)

Foto: Marcelo Camargo ABr 

 

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