DILMA CONSPIROU CONTRA A LAVA JATO, DENUNCIAM MARQUETEIROS

O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura,
afirmaram ao Ministério Público Federal (MPF) em delação premiada que a
presidente cassada Dilma Rousseff manteve o casal informado sobre a Operação
Lava Jato entre 2014 e 2016. Eles eram avisados por telefone e e-mail sobre o
andamento das investigações. Segundo a delação, na véspera da prisão do casal,
a petista alertou os dois sobre os mandados.

Mônica disse aos procuradores que Dilma ligou para a
República Dominicana, onde o casal estava, para avisar Santana que eles seriam
presos. Segundo a empresária, Dilma tinha informações privilegiadas por meio do
então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

O casal também falou sobre a preocupação de Dilma com o
avanço das investigações. Esse trecho da delação foi incluído pelo ministro
Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito já em andamento
no qual Dilma é investigada por tentativa de obstruir a Justiça.

As conversas sobre as investigações teriam começado em 2014.
Mônica disse que estava de férias em Nova York, em novembro daquele ano, quando
precisou retornar a Brasília para conversar com Dilma. Segundo o relato, a
então presidente [estava preocupada que as investigações chegassem à conta da
Suíça].

Perigo

De acordo com Mônica, a descoberta da conta, para Dilma, [a
colocaria em perigo, porque sabia que a Odebrecht tinha realizado o pagamento
de suas campanhas através de depósitos de propinas]. Segundo a empresária,
Dilma disse que precisava manter contato frequente de forma segura.

Com apoio de Giles Azevedo, assessor especial da petista, a
empresária então criou uma conta, com dados fictícios, usando senha
compartilhada entre as duas para tratar dos avanços da Lava Jato. As mensagens
escritas pela petista ficariam na caixa de rascunhos, para não circular, e
Mônica acessaria a conta.

Como prova, a delatora entregou contas de e-mail, passagem
aérea e seu notebook. Santana disse ainda que Dilma recomendou que o casal
permanecesse o maior tempo no exterior.

Decisão [tardia]

A presidente cassada Dilma Rousseff disse nesta
quinta-feira, 11, lamentar o que chamou de decisão [tardia] do Supremo Tribunal
Federal de acabar com o sigilo dos depoimentos dos ex-marqueteiros do PT João
Santana e Mônica Moura. A petista enfrenta um processo de cassação da chapa
dela e do então candidato a vice-presidente, Michel Temer, nas eleições de
2014, por suposto abuso de poder político e econômico na campanha.

Os advogados de Dilma já apresentaram as alegações finais no
processo. Segundo nota da assessoria de Dilma, há semanas a defesa requereu
acesso às delações dos marqueteiros ao ministro-relator da ação movida pelo
PSDB no Tribunal Superior Eleitoral, Herman Benjamin. [A defesa foi prejudicada
pela negativa do relator. Não foi possível cotejar os depoimentos prestados
pelo casal à Justiça Eleitoral e na Lava Jato], afirmou o comunicado.

Na nota, a assessoria de Dilma também reafirmou que [João
Santana e Mônica Moura prestaram falso testemunho].

[Negociações]

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse
desconhecer as declarações do casal. O ex-ministro da Justiça José Eduardo
Cardozo disse que só recebia as informações da Lava Jato no momento em que era
desencadeada a operação. O advogado do ex-ministro Antonio Palocci, José Roberto
Batochio afirmou que é [temerário comentar depoimento cujo teor ainda não se
conhece em detalhes]. (Diário do Poder)

Foto: Marri Nogueira – agencia Senado