Em pronunciamento na tarde deste sábado (20), o presidente
da República, Michel Temer, disse que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF)
para que o inquérito aberto contra ele seja suspenso até que seja verificada a
autenticidade da gravação feita pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS,
de uma conversa com o presidente.
[Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com
objetivos nitidamente subterrâneos. Incluída no inquérito sem a devida
averiguação, levou muitas pessoas ao engano, induzido e trouxe grave crise ao
Brasil], disse o presidente.
Uma perícia contratada pelo jornal Folha de S. Paulo
concluiu que a gravação da conversa sofreu mais de 50 edições. Temer
classificou a gravação como fraudulenta e manipulada e lembrou que o grupo JBS
comprou US$ 1 bilhão antes da divulgação da conversa e faturou com a operação
financeira.
Ao encerrar sua fala, em que destacou o impacto da
divulgação dos áudios da delação de Joesley na economia e na política do país,
Temer reforçou que permanece no cargo. [O Brasil não sairá dos trilhos, eu continuarei
à frente do governo], disse.
Inquérito
A abertura do inquérito, por corrupção passiva, organização
criminosa e obstrução da Justiça, foi autorizada pelo ministro do STF Edson
Fachin na quinta-feira (18), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Em pronunciamento anterior, ainda na quinta-feira (18), Temer disse que nunca autorizou
ninguém a usar seu nome indevidamente e que demonstraria no STF não ter nenhum
envolvimento com os fatos.
Segundo o Ministério Público Federal, em encontro com
Joesley Batista, Temer deu aval para que ele continuasse a pagar uma espécie de
mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro, ambos presos,
para que continuassem em silêncio. O áudio da conversa, gravada por Joesley,
foi disponibilizado na última quinta-feira (18). Após a divulgação, o
presidente Michel Temer e assessores avaliaram que o conteúdo da conversa não
incrimina o presidente.
PGR
Ao enviar o pedido de abertura de investigação sobre o
presidente ao STF, a PGR informou ao ministro Edson Fachin que o áudio foi
analisado de forma preliminar [sob a perspectiva esvlusiva da percepção
humana]. De acordo com o processo, [não houve auxílio de equipamentos
especializados na avaliação dos áudios].
Na decisão em que autorizou a investigação contra Temer,
Fachin não analisou a legalidade da gravação sob o ponto de vista de possíveis
edições. O ministro entendeu que Joesley Batista poderia gravar sua conversa
com terceiros. (ABr)
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