DURANTE SESSÃO, MINISTROS DO STF E JANOT DISCUTEM SEGURANÇA EM PROTESTOS

Com
barulho de helicópteros e bombas vindo da Esplanada dos Ministérios, o Supremo
Tribunal Federal (STF) parecia alheio aos protestos que ocorriam a poucos
metros dali na tarde desta quarta-feira, 24. Em meio a manifestações e crise
política, os ministros julgavam processos tributários no plenário. Poucos
minutos depois de manifestantes colocarem fogo no prédio do Ministério da
Agricultura, no entanto, um aviso chegou à presidente Cármen Lúcia.

O procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, cochichou com a presidente durante a sessão.
Cármen antecipou o intervalo habitual para avaliar o quadro. Os dois esperaram
o decano, ministro Celso de Mello, para deixar o plenário. Em caráter
reservado, os ministros se reuniram no salão onde costumam fazer pausa para um
café no intervalo das sessões ou reuniões administrativas. Janot, presente,
explicava aos ministros a situação do lado de fora. A segurança do STF também
levou informações sobre o que acontecia na Esplanada.

Na conversa
reservada, segundo relatos, Janot chegou a sugerir a liberação dos servidores
do tribunal. Os ministérios começavam a adotar a medida. Na Procuradoria-Geral
da República, funcionários terceirizados foram liberados mais cedo.
Simultaneamente, alguns poucos manifestantes furaram o bloqueio da polícia e se
aproximaram da Corte. Com um megafone, pediam que [ministros e ministras]
anulassem o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

O intervalo e a
conversa duraram 30 minutos. Cármen e alguns ministros avaliaram que a
liberação dos servidores poderia soar como se o Supremo estivesse [dando
munição] ao protesto. Após Cármen receber informação de que o acesso à Praça
dos Três Poderes estava controlado e não haveria risco para segurança de
servidores e ministros, a sessão foi retomada e levada até o fim pela
presidente.

As atenções, no
entanto, estavam do lado de fora. Janot não tirou os olhos do celular e os
ministros conversavam, em pares, mesmo durante a sessão. O único a se
manifestar publicamente foi Marco Aurélio Mello, que citou o decreto do
presidente Michel Temer sobre uso de Forças Armadas.

[Presidente, voto
um pouco preocupado com o contexto e eu espero que a notícia não seja
verdadeira. O chefe do Poder Executivo teria editado um decreto autorizando o
uso das Forças Armadas do Distrito Federal no período de 24 a 31 de maio],
afirmou.

Os ministros foram
pegos de surpresa. Reservadamente, já há ministro da Corte que demonstre
preocupação com a extensão do decreto da Presidência: sobre locais de atuação e
período. Na saída, os ministros evitaram comentar publicamente a fumaça das
bombas ou o decreto. Para confirmar a confiança no forte aparato de segurança
do tribunal, alguns mantiveram o hábito de sair a pé, na rua, para andar do
edifício-sede até o prédio que sedia os gabinetes. (AE).

Foto: Nelson Jr

 

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