Em projeto de resolução no qual faz um balanço dos 13 anos
de governos petistas, o PT minimiza as denúncias de corrupção contra o partido
e alguns de seus integrantes e culpa a política econômica adotada no início do
segundo mandato de Dilma Rousseff pela crise política que levou ao impeachment
da então presidente.
Segundo o texto, que servirá de base para as conclusões do
6.º Congresso Nacional do PT, as medidas de austeridade adotadas por Dilma no
início de 2015 criaram a sensação de um [estelionato eleitoral] em comparação
com o discurso de campanha do ano anterior, quando a petista prometeu não mexer
em direitos trabalhistas [nem que a vaca tussa].
[O ajuste fiscal, além de intensificar a tendência
recessiva, gerou confusão e desânimo na base social petista: entre
trabalhadores, juventude e intelectualidade progressista disseminou-se a
sensação, estimulada pelos monopólios de comunicação, de estelionato eleitoral],
diz o texto ainda sujeito a emendas e alterações até sábado, 3, quando termina
o encontro.
De acordo com o documento, [a política econômica adotada no
início do segundo mandato de Dilma para além dos efeitos econômicos sociais e
econômicos que produziu teve como principal efeito político desorientar parte de
nossa base social e eleitoral].
Segundo o partido, isso fez com que a popularidade de Dilma
despencasse, encorajando as [forças conservadoras] a tomarem as ruas e fazendo
com que parte da base do governo no Congresso Nacional se deslocasse rumo ao
afastamento de Dilma.
O texto do balanço, praticamente, ignora as denúncias de
corrupção na Petrobras reveladas pela Operação Lava Jato e resume o tema à
conclusão de que é [indispensável superar a adaptação do partido ao modus
vivendi da política tradicional do Brasil].
O balanço petista cita a Lava Jato apenas quando questiona o
[republicanismo] com o qual os governos do partido trataram as nomeações para o
Supremo Tribunal Federal, Procuradoria-Geral da República e Polícia Federal. De
acordo com o documento, alguns setores do PT avaliam que, sem esse
[republicanismo], a Lava Jato e a ação penal 470, que julgou o mensalão, não
teriam prosperado e instalado uma [justiça de exceção] contra o PT.
Constituinte
Atingido pela Lava Jato, o PT vai defender em seu 6.º
Congresso a reforma do Judiciário e a convocação de uma Assembleia Nacional
Constituinte para revogar o que o partido chama de [medidas antipopulares] do
presidente Michel Temer e criar condições para uma [reforma geral das
instituições]. Um dos cinco projetos de resolução apresentados pelas correntes
do partido diz que setores do Ministério Público, das polícias e do Judiciário
formaram um [poder bonapartista], em sintonia com [oligopólios da comunicação],
afrontando o estado de direito.
[A violência do Estado, levada a efeito por setores do
Ministério Público, do Judiciário e das polícias, particularmente no que se
refere à Operação Lava Jato, materializa-se nas prisões por mera suspeita, nas
conduções coercitivas sem base legal, nos vazamentos criminosos de dados e na
exposição da intimidade dos investigados], diz um dos trechos do documento.
O texto servirá de base para definir as diretrizes do novo
programa do PT, às vésperas do ano eleitoral de 2018. Ao mencionar a [República
de Curitiba], os petistas dizem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
sua família sofrem [brutal e inigualável perseguição] e que há um [regime de
exceção] em curso no País.
As resoluções serão votadas no próximo sábado, 3. Em um dos
documentos, o PT propõe um plano nacional de emergência para sair da crise. Uma
das propostas prevê uma política de uso criterioso e gradual de 25 das
reservas cambiais em um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego destinado a
investimento para obras de infraestrutura e geração de emprego. (Diário do
Poder)
(FOTO: LULA MARQUES)